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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Aplicativos para celular fazem apologia ao fumo

Um dos programas disponíveis simula o ato de fumar e ensina o interessado a enrolar um cigarro - Divulgação
Um dos programas disponíveis simula o ato de fumar
e ensina o interessado a enrolar um cigarro
Conteúdo dos programas disponíveis para aparelhos com sistema Apple e Android pode estar violando acordo com a OMS, afirma estudo
 
À medida que o cerco se fecha para a publicidade do cigarro, surge um meio alternativo de promoção do produto. Levantamento de pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Sydney, na Austrália, mostra que, em fevereiro de 2012, 107 aplicativos para smartphone a venda nos dois principais sites do setor - Apple e Android - faziam apologia ao fumo.
 
O estudo, publicado no periódico Tobacco Control, do grupo British Medical Journal, afirma que o conteúdo pró-fumo dos aplicativos pode estar violando a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da Organização Mundial da Saúde (OMS), acordo internacional ratificado pelo Brasil em 2005.
 
Desses aplicativos, 48 foram classificados como "simuladores de fumo". Ao se inalar e exalar perto do microfone, o cigarro virtual queima. Para derrubar a cinza, é só chacoalhar o aparelho. A fumaça também pode ser manipulada com o toque na tela.
 
Outros 42 apps listam as principais marcas de cigarro, discorrem sobre suas especificações e dão informações de compras. Há programas que ensinam como enrolar um cigarro, jogos com o fumo como tema, papéis de parede que imitam maços e recursos que permitem que o consumo de bateria do aparelho seja sinalizado com a figura de um cigarro queimando.
 
Esses aplicativos estão disponíveis sob as categorias "entretenimento", "jogos", "estilo de vida" e até "saúde e exercícios". Alguns alegam ter o propósito de ajudar a parar de fumar. Mesmo assim, foram incluídos na categoria pró-tabaco pelo entendimento dos pesquisadores de que representam estímulo ao hábito.
 
Para a psicóloga Mônica Andreis, vice-diretora da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), os programas realmente podem influenciar no consumo do cigarro, principalmente entre crianças e adolescentes. "Esse tipo de aplicativo é de fácil acesso a qualquer idade. Não existe nenhum tipo de advertência e vários estão categorizados como entretenimento. Há um risco de estímulo ao consumo, seja pelos joguinhos, seja pela simulação do ato de fumar", diz.
 
Mônica lembra que a Convenção-Quadro orienta que o ideal seria banir qualquer tipo de publicidade, promoção ou patrocínio feitos de maneira direta ou indireta pela indústria do tabaco. "Esses aplicativos não seriam adequados nem recomendáveis. A questão é que entramos em um terreno que carece de regulamentação: o da internet."
 
Responsabilidade
Para o advogado Felipe Mendes, da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, não é possível dizer que os apps são diretamente disseminados pela indústria do tabaco. De qualquer forma, os responsáveis poderiam ser enquadrados como violadores da Convenção-Quadro.
 
Mendes acrescenta que o surgimento desses aplicativos contraria as campanhas nacionais para que os jovens não experimentem o cigarro. "É uma preocupação especial da política de controle do tabaco, pois os aplicativos são gratuitos ou baratos. Hoje, o acesso à internet é extremamente disseminado e boa parte dos jovens tem internet e um telefone de boa capacidade."
 
Para lembrar
Em dezembro de 2011, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.546, que proíbe qualquer tipo de propaganda de cigarro, sendo permitida só a exposição dos produtos nos locais de venda. Enquanto a lei aguarda regulamentação, na prática, ainda se encontram cartazes nos locais de venda. “A lei representa um avanço, mas não cumpre totalmente o que a Convenção-Quadro prevê”, diz Mônica Andreis, da Aliança de Controle do Tabagismo. Para seguir à risca, seria necessário proibir a exposição dos próprios maços. Como signatário do acordo, o Brasil é monitorado internacionalmente e divulga relatórios sobre ações antitabagistas.
 
Fonte Estadão

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