Para farmacêutica indiana Cipla e seu novo CIO, transformação da TI é tudo ou nada
Palavra nenhuma em tecnologia do negócio é tão usada quanto “transformação”, mas não existe outra forma de descrever o que a empresa farmacêutica indiana Cipla está fazendo.
Com 77 anos, a companhia tem capital aberto, porém é controlada pela família. Considerada uma das maiores fabricantes de remédios genéricos do mundo, está presente em mais de 170 países (com metade de sua renda vinda da Índia). Mas, até seis meses atrás, a empresa não tinha um CIO e era o exemplo típico de shadow IT. Cada departamento da empresa negociava com os fabricantes de tecnologia o que era preciso, implementava seus próprios sistemas e depois direcionava pelo departamento de TI – que consistia em 17 profissionais centrais servindo uma empresa de 20 mil funcionários.
Eis que chega Arun Gupta, recrutado pela Cipla no início do ano, vindo da varejista Shoppers Stop, para trazer disciplina e visão para a área de TI da empresa. Eu me encontrei com Gupta no mês passado na Interop Mumbai, quando ele colocou seus esforços de transformação da TI em contexto de uma reestruturação mais ampla do negócio por toda a companhia, que contratou, também, diretores de RH, cadeia de suprimento, marketing internacional, estratégia e outras funções nos últimos meses.
No início, ao conversar com funcionários e colegas sobre como viam a TI da empresa, Gupta ouviu três reclamações recorrentes: “a TI não entrega o que precisamos”; “não conseguimos obter as informações que necessárias”; e “temos muitos sistemas que não interoperam”.
Nada por falta de investimento. A Cipla gasta cerca de 1% de sua renda anual – US$ 1,4 bilhão – em TI, e “não hesita no investimento de pessoas, processos e manufatura”, disse Gupta. O problema era a falta de coordenação e supervisão entre sistemas e fornecedores.
Primeiro passo
O primeiro passo do CIO foi consolidar os seis data centers em um ambiente e remontar a rede em uma mistura de MPLS (multiprotocol label switching) e links Metro Ethernet. A racionalização de aplicativos, que ainda acontece na empresa, é “um pouco mais complexa”, segundo ele. O plano é diminuir os mais de 600 servidores de bancos de dados para cem e reduzir ERP, CRM, RH, gerenciamento de documentos, gerenciamento de informações laboratoriais e outros aplicativos específicos da indústria farmacêutica para15, no total.
Gupta contou que também está consertando as implementações “quebradas” dos softwares Pilgrim (garantia de qualidade e compliance) e IBM Cognos (business intelligence).
Para fazer diferença na linha de frente, o executivo foca nos representantes da companhia, que são os colaboradores que vendem os produtos para os médicos. A Cipla já é uma das poucas empresas farmacêuticas que não paga esses profissionais com base em vendas, disse ele, e o objetivo é aumentar o engajamento de seus representantes com os médicos com uma nova ferramenta que os permite compartilhar informações sobre estudos clínicos e pesquisas na área de saúde. O objetivo é aumentar o tempo médio que o representante passa com o médico, de um para cinco minutos (o que pode parecer pequeno, porém é significativo). O CIO estima que a nova ferramenta também ajude os representantes a economizar até três horas por dia com planejamento e relatório de atividades: acessando dados de clientes, rastreando atividades de venda e preenchendo relatórios de despesas.
A Cipla planeja substituir os 8 mil laptops usados pelos representantes por dez mil tablets Windows 8. Duzentos representantes farão o projeto-piloto dos tablets nos próximos meses, antes que todos os dispositivos sejam distribuídos, no ano que vem.
Suprimentos
Gupta também tenta abraçar a cadeia de suprimentos da empresa, com foco em melhorar a pontualidade das entregas de distribuidores e revendedores. A farmacêutica inicia o processo com aprimoramento de processos, adotando metodologias de teoria da contingência antes de pensar na tecnologia.
O próximo passo é a implementação de ERP SAP – começando com contabilidade, vendas e distribuição, planejamento de produção e gerenciamento de material e gerenciamento de compras e pedidos – para substituir os mais de 40 sistemas. “Todos os processos irão mudar”, disse Gupta. “Haverá rompimento desde o primeiro dia”. A implementação está programada para começar em janeiro e terminar em 2015.
Enquanto isso, Gupta está construindo as capacidades da TI interna da Cipla. Um objetivo para os próximos 12 meses é acrescentar 35 especialistas de tecnologia ao grupo de 17 profissionais. Por exemplo, um líder da SAP vai se juntar à empresa no mês que vem e contratar sua própria equipe; o mesmo vai acontecer com o diretor de segurança da informação que o executivo está recrutando. No processo, a farmacêutica deve, gradualmente, desvencilhar-se de seus fornecedores de IT, integradores e consultores – de forma muito parecida com o que o CIO Randy Mott está fazendo na General Motors, sob seu recém lançado esforço de “transformação” da IT, embora o caso dele seja em uma escala muito maior.
Gupta, como Mott, sabe que ele não pode se dar ao luxo de fazer mudanças incrementais. Ele imagina que a Cipla esteja atrasada entre dez e 15 anos quando se trata de melhores práticas de TI, e todos os executivos da empresa estão sob a pressão do acelerado crescimento da empresa, numa variação de 30% e 50%.
No passado, a Cipla foi contra grandes implementações de ERP, por exemplo, “mas, agora, não há opção”, disse Gupta. “Se não fizermos isso, vamos sentir o impacto nos negócios”.
Fonte: Rob Preston | InformationWeek EUA; replicada pela InformationWeek Brasil
Por SaudeWeb
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