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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dor de cabeça, zumbido e cansaço? A culpa pode ser da mandíbula

Na maior parte dos casos, a DTM afeta pessoas de 30 a 50 anos,
principalmente do sexo feminino
Quase ninguém sabe que ela existe, mas na cabeça está uma das engrenagens mais ativas do organismo: a ATM, articulação temporomandibular. Além de conectar a mandíbula ao crânio, ela é responsável por todos os movimentos dos maxilares e da boca, incluindo mastigação, deglutição e fala.

Também poucas pessoas desconfiam que o desarranjo dessa engrenagem possa trazer tanto prejuízo ao organismo. Dores na face e nos maxilares, dificuldade ou cansaço para mastigar ou falar, ruídos ou estalos ao abrir e fechar a boca, travamento da abertura da boca, pressão atrás dos olhos, dor ou zumbido nos ouvidos, dor de cabeça, inchaço na lateral do rosto, problemas para dormir – todos esses sintomas apontam que há algo de errado com ela.

Ainda pouco conhecida, a disfunção da ATM – chamada de DTM (disfunção temporomandibular) – surge, na maioria das vezes, em decorrência do mau hábito de se pressionar, apertar ou travar os dentes. Além de forçar os músculos faciais, provocando dores, essa sobrecarga também pode afetar o disco articular (um tipo de almofada que alivia o atrito toda vez que se abre e fecha a boca), deixando-o mais fibroso e com mobilidade comprometida.

Os vilões e suas maiores vítimas
Estima-se que 3% da população mundial sofra com esse problema, que se manifesta de diferentes formas (veja quadro). “Porém, esse número vem crescendo constantemente, principalmente nas regiões urbanas”, afirma o cirurgião bucomaxilofacial e especialista em dor orofacial Giuliano Cossolin, responsável pelo Ambulatório de Cirurgia Oral e Maxilofacial da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Isso porque a DTM está no rol das doenças da modernidade: ansiedade, tensão e estresse – muito presentes na vida urbana de hoje – estão entre os principais estopins desse distúrbio.

Além deles, outros fatores em conjunto podem favorecer essa disfunção: problemas oclusais (mordida cruzada, falta de dentes etc), bruxismo (ranger involuntário dos dentes durante o sono), maus hábitos – como apertar os dentes, mascar chicletes excessivamente, roer as unhas, morder tampa de caneta –, sedentarismo e má postura.

Cerca de 80% dos casos de DTM são tratados
com o uso de placas de mordida
“Até mesmo pequenos traumas (como quedas ou soco no queixo) ou leves batidas de carro podem gerar lesão nos músculos ou desestabilizar a articulação, favorecendo o aparecimento da DTM”, afirma o reumatologista José Goldenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein e coautor do livro Disfunção Temporomandibular (DTM) – Conheça Seu Impacto em Sua Saúde (editora Atheneu).
 
Na maior parte dos casos, essa disfunção afeta pessoas de 30 a 50 anos, principalmente do sexo feminino. “Para cada oito mulheres com esse problema, há dois homens na mesma situação”, afirma o cirurgião bucomaxilofacial José Flávio Torezan, membro da International Association of Oral and Maxillofacial Surgeons. Ainda não se sabe ao certo o por que dessa prevalência entre as mulheres. Uma das hipóteses é a de que os hormônios teriam algum papel no surgimento da DTM – porém, pesquisas ainda estão em andamento para comprovar tal relação.
 
Romaria pelo diagnóstico
Não é raro ouvir histórias de pacientes que perambularam por diversos consultórios, passando em neurologistas, otorrinos e reumatologistas, para finalmente terem o problema decifrado na cadeira de um dentista. Há casos de doentes que tiveram que esperar por mais de duas décadas para receber o tratamento correto. A razão disso é uma só: diagnosticar a DTM está longe de ser uma tarefa simples.

Devido aos seus sintomas, ela pode facilmente ser confundida com outras doenças, como enxaqueca, otalgia (dores no ouvido), distúrbio do nervo trigêmeo (constituído pelo nervo maxilar, mandibular e oftálmico), e problemas oftalmológicos, em decorrência de dores ou pressão atrás dos olhos.

Alguns exames de imagem até podem ajudar a identificar o problema ou a descartar outros possíveis distúrbios, porém o diagnóstico é clínico: depende muito da perícia do profissional em examinar o paciente e avaliar as informações trazidas por ele a respeito dos seus sintomas, histórico de saúde, tipo de trabalho e estilo de vida.
 
Além disso, por muitos anos houve um outro fator complicador: a falta de especialistas nessa área. A DTM é uma especialidade nova – ela só foi oficializada no Brasil como parte da odontologia em 2001. Antes, quem sofria desse mal não tinha um profissional certo a quem pudesse recorrer e era obrigado a enfrentar essa via sacra sem fim, que nem sempre chegava até o dentista.

Atualmente, com essa regulamentação e com a recente criação da Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, achar um profissional gabaritado ficou mais fácil – no site da própria entidade (www.sbdof.com) há uma lista de especialistas em diversas cidades.
 
De bilhetinhos à terapia
Na grande maioria das vezes, o problema da DTM pode ser resolvido com procedimentos clínicos, sem grandes intervenções. Cerca de 80% dos casos são tratados com o uso de aparelhos ortodônticos (para corrigir problemas de mordida) e placas de mordida (que ajudam a impedir que os músculos da face se contraiam ao máximo quando os pacientes apertam os dentes), fisioterapia e psicoterapia.

Um outro tratamento pode ser realizado por um dentista, com pequenos ajustes na mordida, através de desgastes dentários, o que possibilitaria um maior engrenamento da mordida.

Até mesmo avisos em bilhetinhos e sinais colados no ambiente de trabalho ou na casa do paciente podem fazer parte da receita médica. Isso ajuda aqueles que têm o hábito de apertar os dentes durante o dia a se autopoliciarem, evitando, assim, essa sobrecarga na região.

Em situações de muita dor, os especialistas recomendam, como coadjuvantes ao tratamento, medicamentos ou laser de baixa potência, que têm efeito anti-inflamatório e aliviam o incômodo, dispensando cirurgias. Elas só são indicadas numa minoria das vezes, em casos graves, como os de calcificação da articulação (anquilose) ou de algum tumor (neoplasia).
 
Fonte uol.com.br

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