A interrupção do uso do medicamento para controle do colesterol entre as mulheres na menopausa vem se tornando uma das causas do grande aumento de infartos entre as mulheres - que já representam 40% dos pacientes atendidos pelo SUS com problemas coronários -, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
“Estamos muito preocupados com o número de mulheres com colesterol alto que abandonam o tratamento e voltam a ficar sujeitas ao risco de infarto, maior ainda se forem fumantes, tiverem pressão alta ou tiverem sobrepeso”, destaca o cardiologista Raul Dias dos Santos.
A preocupação se explica porque pesquisa do Conselho Latino Americano para o Cuidado Cardiovascular comprovou que, em vez de usarem a medicação para baixar o colesterol como remédio de uso contínuo, na média, as mulheres brasileiras tomam a droga por 60 dias e interrompem o tratamento. Reforçando esse temor, o cardiologista Daniel Branco de Araújo lembra que, nos Estados Unidos, cerca de 35% das mulheres que atingiram a menopausa já apresentam doença cardiovascular e que, no Brasil, a mortalidade por doenças cardíacas sobe conforme a idade da mulher: entre 70 e 79 anos de idade, elas têm risco dez vezes maior de morrer do coração do que uma mulher de 50 anos.
Os especialistas explicam que a mulher não se preocupa muito com infarto, porque o encara como problema masculino. Entretanto, após a menopausa, ela deixa de ter a proteção hormonal garantida pelo estrógeno, e passa a ter o mesmo risco de infartar, de ter angina, ou derrame que o homem. “É por isso que precisa ter o colesterol total abaixo de 200, o ‘colesterol ruim’ (LDL) abaixo de 100, e o ‘colesterol bom’ (HDL) acima de 50”, explica Branco de Araújo.
De acordo com o cardiologista, algumas vezes, a reeducação alimentar e o exercício resolvem o problema, mas, dependendo do caso, é necessário o uso de drogas, que rapidamente reduzem em mais de 30% o risco do infarto. “A continuação do benefício depende, porém, da adesão ao tratamento, seja ele uma mudança do estilo de vida, seja farmacológico”, e esse alerta foi um dos objetivos da campanha do “Dia Nacional de Controle do Colesterol”, celebrado no último domingo, dia 08 de agosto.
Outra preocupação dos cardiologistas é que, enquanto um homem de meia idade que tenha qualquer dor no peito ou no braço pensa logo em infarto e busca ajuda, a mulher com os mesmos sintomas acha que é algo que comeu, um mal estar passageiro e vai para a cama, esperando a dor passar e, com isso, perde a estreita “janela” em que o atendimento seria mais eficiente. De acordo com o médico Jorge Ilha Guimarães, “a oportunidade de sobrevivência de um infartado está diretamente ligada ao tempo entre o primeiro sintoma e o atendimento médico, que deve ser menor que duas horas”.
Fonte DOC Press/ SBC
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