O médico explica que são considerados avançados os tumores bucais com tamanho a partir de 3 centímetros |
De acordo com Alfio José Tincani, cirurgião de cabeça e pescoço do HC, é
comum os pacientes confundirem os tumores na boca com aftas. Ele alerta, porém,
que feridas bucais que não curam em um período de quatro a seis meses, aumentam
de tamanho, sangram e causam dor precisam ser investigadas. Tincani adverte que
outra razão que atrapalha o diagnóstico precoce é o fato de muitos médicos não
especialistas se confundirem na hora da detecção do câncer. Por isso, muitos
pacientes acabam sendo tratados com antibióticos e anti-inflamatórios.
Segundo ele, o problema de se iniciar o tratamento tardiamente é que as
chances de cura diminuem de 90%, nos casos de diagnóstico precoce, para 40%. “O
tumor, quando pequeno, atinge proporções pequenas [no corpo] e cirurgias menores
são realizadas com sucesso altíssimo”, disse. Os pacientes com câncer de boca
avançado, por sua vez, podem ficar com sequelas mais severas, como dificuldades
para falar e deglutir, além de precisarem ser submetidos à retirada de
mandíbulas e das ínguas do pescoço, que são os linfonodos.
O médico explica que são considerados avançados os tumores bucais com tamanho
a partir de 3 centímetros. Todo mês, surgem de dez a 15 novos casos no Hospital
das Clínicas e, em média, 30 pacientes são acompanhados mensalmente no
ambulatório.
Homens com mais de 50 anos, que fumam e bebem muito, são as principais
vítimas da doença. Estudos apontam que metade dos casos de câncer de boca estão
relacionados ao tabaco e à bebida, fatores que levam a uma agressão na mucosa e
à consequente formação de tumores, prevalentes na borda da língua.
Um outro tipo de câncer de boca, que tem como causa a exposição crônica ao
sol, atinge principalmente trabalhadores rurais, como lavradores. Nesses casos,
o tumor começa como uma pequena ferida, que acomete, na maioria das vezes, o
lábio inferior.
Já os pacientes que apresentam tumor na base da língua, entre a boca e a
faringe, podem ter como causa a bebida e o tabaco. Mas os fatores que levam à
formação desse tipo de tumor estão mudando. “Hoje, a gente está vendo uma
mudança no perfil das pessoas que têm tumor nessa região. São pacientes mais
jovens, que não fumam e não bebem. O HPV [vírus do papiloma humano], que é muito
comum no colo do útero da mulher, pode ocorrer na boca”, alerta. Pessoas que
praticam sexo desprotegido, nesses casos, estão mais expostas a desenvolverem um
tumor bucal a partir do vírus HPV.
Idosos que usam dentaduras também representam um grupo de risco para o câncer
de boca. "Quando há má higiene oral e próteses mal adaptadas, que ficam
traumatizando a mucosa na boca, podem desenvolver a doença. Mas esses são casos
mais raros”, disse o médico.
Tincani explica que o tratamento do câncer de boca é feito por cirurgia de
retirada do tumor. “Quando ele está muito avançado, conjuntamente com a
cirurgia, temos que fazer a radioterapia. Nos tumores causados pelo HPV, parece
que há uma resposta melhor no tratamento com a quimioterapia associada à
radioterapia”, explica.
Fonte Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário