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segunda-feira, 11 de março de 2013

Doenças mentais preocupam as lideranças

Entidades de saúde, como o Hospital Israelita Albert Einstein, começam a desenvolver programas para gerir a saúde integral dos funcionários
 
Dados da Organização Mundial de Saúde de 2012 estimam que a depressão, por exemplo, afeta cerca de 350 milhões de pessoas e é a segunda maior causa de perda de produtividade dentro das empresas. Em primeiro lugar estão as doenças infecto-contagiosas. No Brasil, em 2011, segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social – (INSS), aproximadamente 10% dos afastamentos foram por patologias psiquiátricas, ficando atrás somente de traumatismos e acidentes (26%) e patologias ortopédicas (18%).
 
O estudioso José Bleger, na obra “Psico-Higiene e Psicologia Institucional”, já defendia que a ausência de doenças não é suficiente no ambiente corporativo. É preciso se pensar no desenvolvimento integral das pessoas e da comunidade. Sob a ótica da psicologia, esse pensamento tira o foco da doença e traz ênfase para a saúde mental, tendo como base as relações do cotidiano. Além disso, o escritor argumenta que a organização do trabalho não cria doenças mentais específicas.
Ela apenas favorece descompensações, que já foram formadas anteriormente na vida das pessoas. Sendo assim, o ambiente de trabalho e as próprias organizações são corresponsáveis não apenas pela promoção da qualidade de vida corporativa, mas pela manutenção de um ambiente de trabalho favorável e que efetivamente leva em consideração a saúde mental dos colaboradores, o que vai além dos cuidados com estresse, da obsessão pelo trabalho, entre outras doenças mentais que afligem a classe economicamente ativa.
 
No Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, existe o programa “Você em equilíbrio”, que busca identificar as fontes de estresse ocupacional na instituição, orientar e preparar os colaboradores a lidar de forma adequada com questões psicossociais relacionadas ou não com a sua atividade, que  podem de alguma forma afetar o seu dia a dia. Além disso, o programa tem o objetivo de orientar e proporcionar oportunidades de manter a saúde mental em equilíbrio, mesmo vivendo em um ambiente conturbado. “O programa é desenvolvido por equipe multi e interdisciplinar com médico do trabalho, psiquiatra, psicólogo e enfermeiro, apoiados por estrutura de EAP (Employee Assistance Program, em uma tradução livre Programa de Assistência ao Empregado)”, explica o médico do Centro de Saúde Ocupacional do Hospital Israelita Albert Einstein, Getúlio Albuquerque da Silva.
 
Dividido em quatro módulos (equilíbrio, crise, enfrentamento e convivência), o programa já existe na instituição desde 2000. De acordo com o médico, há dois motivadores principais que levaram o hospital a tomar esta iniciativa. “Primeiramente pela linha de atenção e cuidado que o Einstein mantem em relação aos seus colaboradores ao longo dos anos, em segundo lugar a nossa preocupação com os índices crescentes de absenteísmo e licenças de longo prazo (INSS) em decorrência de doenças mentais”, pontua.

Após implantação do programa, houve uma redução de 40% nos índices de absenteísmo e afastamentos em benefícios previdenciários por doença mental, além da redução do tempo de incapacidade.
 
Para o médico, cuidar da saúde integral dos colaboradores do Einstein é questão de sustentabilidade. “Como instituição prestadora de serviços de saúde, temos como maior recurso nossos colaboradores, que por meio da sua ação direta promovem, recuperam e restabelecem a saúde e melhoram a qualidade de vida das pessoas. Temos como missão preservar e promover este indispensável recurso, pois no futuro, apesar dos avanços tecnológicos e científicos, vamos continuar a depender dele para mantermos a instituição servindo a comunidade”, conclui.
 
De olho no mercado
O Grupo Hospitalar Santa Celina, de São Paulo, empresa de assistência domiciliar, qualidade de vida e prevenção de doenças, possui uma frente chamada Semeando Saúde, da qual um dos programas é voltado para a Saúde Mental.

Há 18 meses no mercado, o programa identifica fatores de risco para desenvolvimento de patologias associadas à saúde mental e outras doenças. “Com o aumento da competitividade, pressão e estresse no ambiente de trabalho e nos grandes centros, identificamos um aumento acentuado nesse item, o que automaticamente nos fez pensar em como evitar o desencadeamento destas patologias”, justifica a CEO do Grupo, Ana Elisa Siqueira.
 
De acordo com a executiva, com a implantação do programa se cria dentro das empresas uma central de informações sobre a saúde dos colaboradores, o que permite fazer uma gestão da saúde desta população, promovendo qualidade de vida e prevenindo de condições de saúde primárias e secundárias. “Os principais resultados tangíveis são redução de absenteísmo, redução de turn over, aumento de produtividade, redução de custos com eventos de saúde e melhora no ambiente de trabalho”, pondera Ana Elisa, que revelou que entre as dezenas de empresas atendidas pelo Grupo, cinco contam com o programa de saúde mental.
 
O Semeando Saúde tem o objetivo de identificar pessoas que tenham sintomas ou patologia instalada, diagnosticada ou não, e agir encaminhando os casos para a assistência especializada. A equipe é formada por médicos, psicólogos e profissionais da área de saúde.

“Esclarecemos aos trabalhadores sobre sinais de alerta e, principalmente, quais as medidas a serem tomadas para melhorar a qualidade de vida e assim lidar melhor com as situações desafiadoras do cotidiano”, conta o médico Marcelo Katayama, responsável pelo Semeando Saúde.
 
A prática de atividade física é um dos itens mais incentivados pelo programa. Para Katayama, “praticar qualquer tipo de exercício é por si só um fator protetor para algumas doenças psiquiátricas. As iniciativas têm impacto positivo de forma direta ou indireta na saúde mental do colaborador”, avalia.
 
Outra empresa que também está atenta à área de saúde mental é a AxisMed, que atua na gestão preventiva em saúde. Em seu programa de doentes crônicos, a companhia desenvolve um projeto para o combate à depressão dentro das empresas. A iniciativa funciona desde abril de 2012 e até agora já tem 1600 colaboradores participantes.

A equipe é composta por consultores de saúde com formação multidisciplinar, que orientam os colaboradores quanto a necessidade de uma avaliação de um médico especializado para realizar o diagnóstico e apoiam na adesão ao tratamento indicado. Os consultores também auxiliam as pessoas a reconhecer os sinais e sintomas e a evolução da psicopatologia, a importância de um acompanhamento especializado regular, adesão ao tratamento medicamentoso e suas complexidades (efeitos colaterais, etc) e a criarem estratégias de melhoria, o que envolve atividade física e ações para o bem-estar.
 
Em um estudo realizado com uma amostra desta população, a empresa identificou que uma taxa de 45% aderiu aos tratamentos que envolvem acompanhamento com psiquiatra.
 
Veja como funciona o programa do Einstein
O módulo “Equilíbrio” é constituído por todas as ações que promovem o bem- estar e a melhoria da qualidade de vida do colaborador, por meio do programa Mais Vida Albert Einstein.
 
Já o chamado “Crise” aborda os colaboradores portadores de transtornos mentais com comprometimento da atividade social e laborativa, queda importante do desempenho, alto absenteísmo e/ou benefício previdenciário por doença mental; 697 colaboradores já foram atendidos pelo programa.
 
Os módulos “Enfrentamento e Convivência” consistem na abordagem dos colaboradores e gestores de áreas com importante risco psicossocial coletivo em decorrência da característica social e cultural da região, do trabalho ou da atividade, do público alvo, trazendo impacto psicossocial no desempenho individual, coletivo e no clima organizacional.
 
Segundo Silva, a abordagem se dá por meio da aplicação de “screening coletivo”, uma espécie de avaliação coletiva de clima organizacional, relacionamento interpessoal e comportamento. Sintomas de estresse e agentes estressores de vida e do ambiente de trabalho são observados. “Identificadas as condições adversas passíveis de enfrentamento e de mudança positiva, se estabelece planos de ação para abordagem dos estressores organizacionais;envolvendo também o treinamento do grupo para enfrentamento psicossocial destes agentes e através de grupos de manejo do estresse, com foco terapêutico e suporte psicológico coletivo, uma abordagem para os agentes estressores não modificáveis (convivência)”, sinaliza.
 
Fonte Saudeweb

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