A afirmação é resultado de estudo da Faculdade de Medicina da USP realizado em São Paulo e Fortaleza
Levantamento realizado nas cidades de São Paulo e Fortaleza mostrou pouca prática de aconselhamento dos profissionais de saúde no momento do pedido e na divulgação de resultados dos testes anti-HIV.
O estudo " Aconselhamento pré e pós-teste anti-HIV na atenção básica: a perspectiva dos profissionais de saúde" foi apresentado pela psicóloga Denise Zakabi, na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). De acordo com a pesquisadora, " as ações técnicas dos profissionais da saúde são em muito condicionadas por sua capacidade de afetar e ser afetados pela relação com os pacientes, bem como pela maneira como lidam com esses sentimentos.
Os pedidos de teste anti-HIV são procedimentos rotineiros na atenção primária quando baseados em protocolos do Ministério da Saúde, especialmente ligados aos programas de tuberculose e pré-natal. " Fora desses programas, os profissionais relataram não oferecer a testagem anti-HIV de forma ampla por medo de constranger o paciente" , comenta Denise. No entanto, as equipes mostraram-se predispostas a propor o exame e aconselhamento a determinados perfis, como jovens, trabalhadores do sexo, crianças em abrigos, homossexuais e pacientes com DST.
" Na seleção de determinados perfis que deveriam receber a oferta do anti-HIV, os profissionais podem aumentar o estigma sobre esses grupos e fortalecer o imaginário de que apenas pessoas pertencentes a eles sofrem o risco de se infectar pelo vírus da Aids. Houve, ainda, relatos sobre usuários que não se consideravam como " grupo de risco" por serem evangélicos, por exemplo, recusando, assim, a oferta da testagem anti-HIV, em caso de pré-natal ou diagnóstico de DST," afirma Denise
Embora as orientações do Ministério da Saúde indiquem que durante o aconselhamento pré-teste deve haver diálogo entre o profissional de saúde e o usuário da UBS, para que o exame seja realizado de forma esclarecida e consentida, há momentos em que os profissionais impõem seus valores morais sobre os dos pacientes e as recomendações técnicas. Denise cita como exemplo casos de recusa de gestantes a realizar a testagem. " Para alguns profissionais, as gestantes podem se diferenciar de outros casos e serem coagidas, em diversos graus, a realizar o teste anti-HIV, para a proteção do feto" .
Segundo a pesquisadora, os resultados mostram a necessidade de que a formação dos profissionais seja continuamente aprimorada, a partir da discussão de casos, nos quais lidem com dilemas morais e outras situações que envolvam grande mobilização afetiva. " O apoio aos profissionais para atenderem o pedido e a comunicação do resultado do teste anti-HIV favorecerá o potencial da atenção primária como tecnologia complexa e integradora do cuidado e a expansão de cobertura de ações para a prevenção e tratamento da epidemia de aids, evitando o estigma e a discriminação e promovendo os direitos humanos" .
Fonte isaude.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário