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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Indústria farmacêutica e a escassez profissional

Por Valéria Carinhato*

A indústria farmacêutica tem sofrido profundas alterações nos últimos anos, principalmente no que diz respeito à atração e retenção dos altos executivos. Pode-se dizer que a grande responsável por esta mudança é a quebra de patentes de medicamentos de massa, movimento que teve início em 2010 e que colocou o segmento farmacêutico em um patamar jamais imaginado, promovendo um cenário de grande concorrência com a entrada dos grandes laboratórios de genéricos.
 
Segundo a percepção dos próprios executivos deste mercado, o segmento sofre para se adaptar a esta nova realidade, já que a falta de profissionais experientes no setor é dramática, e os custos com mão-de-obra foram duas vezes maiores que a inflação nos últimos cinco anos, devendo seguir essa tendência no futuro.
 
Além deste fator, existe também uma grande dificuldade por parte das empresas em ter um pipeline (planejamento) de sucessores, já que o mercado mudou muito e o fluxo de oportunidades no exterior não atraiu muitos brasileiros para expatriação. Com isso, o país busca executivos de todas as partes do globo, informação esta validada pela imigração brasileira, que emitiu mais de 73 mil vistos de trabalho em 2012, o que significa um aumento de 46% quando comparado ao ano de 2011.
 
Esse contexto obriga a indústria farmacêutica a buscar novos caminhos para manter os lucros e se diferenciar diante dos seus players. As mudanças mais evidentes são transformações em inovação, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, e a atração e retenção executiva diferenciada. Tudo isso para levar o setor a outro patamar, e recuperar a desempenho de antes.
 
Segundo levantamento feito pela AESC (Association of Executive Search Consultants), mais de 50% dos recrutadores tem dificuldade para concluir as posições no Brasil, contra 40% na China e 15% na Índia, colocando o Brasil entre um dos principais países a enfrentar escassez de profissionais. Devido ao crescimento esperado para 2013, o setor de Healthcare deve ser um dos mais atingidos, sendo as posições técnicas operacionais, gerentes gerais, e presidência, as mais difíceis de serem trabalhadas. Dentro do setor farmacêutico, a demanda de executivos para Vendas, Finanças, Marketing e CEO´s é maior para empresas com forte atuação em Primary Care, Especialidades e Medical Devices.
 
Como uma resposta à nova realidade, identificou-se que 47% dos profissionais contratados originam-se do segmento de bens de consumo, mercado conhecido por profissionais com perfil arrojado e competitivo, declarando a nova postura de um setor que começa a responder as mudanças com novas formas de atuação.
 
O conservadorismo e formato inflexível de outrora sai de cena e abre espaço para a diversidade de profissionais e investimento maior na estratégia de pessoas, transformando para sempre um mercado que nunca deixou de ser promissor.

*Valéria Carinhato, diretora da Fesa

Fonte Saudeweb

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