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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Nanopartículas poliméricas e de prata são usadas na cicatrização de queimaduras

Os tratamentos debelaram o processo inflamatório e possibilitaram o cuidado de lesões provocadas por queimadura
 
Um tratamento com nanopartículas de prata e poliméricas é utilizado na cicatrização de queimaduras. Pesquisa realizada na Unicamp, pela bióloga Larissa Barbosa de Paula testou nanopartículas de prata produzidas por método biotecnológico empregando o fungo Fusarium oxysporum, e nanopartículas poliméricas recobertas por quitosana e contendo S-Nitrosoglutationa (GSNO). A sua conclusão foi que tais tratamentos debelaram o processo inflamatório e possibilitaram o cuidado de lesões provocadas por queimadura.

Em animais de laboratório, após 14 dias de tratamento com géis contendo nanopartículas, as poliméricas mostraram uma redução no diâmetro das feridas maior que as de prata (AgNP). Entretanto, com mais sete dias de tratamento (21 dias), este quadro se inverteu: o diâmetro das feridas tratadas com AgNP estava menor que o das nanopartículas poliméricas. " Mas as duas cicatrizaram muito bem" , conta a pesquisadora.

Ao final dos 35 dias de tratamento, o grupo-controle (que recebeu apenas o gel) ainda sinalizava feridas, enquanto que nos grupos tratados com os sistemas nanoparticulados, as feridas já tinham sido cicatrizadas e, em alguns animais, chegou-se a registrar o crescimento de folículos capilares (pelos).

As nanopartículas de prata foram produzidas extracelularmente pelo Fusarium oxysporum, que possui mecanismos (não totalmente elucidados) para reduzir íons de prata, quando exposto a uma solução contendo este metal. São nanopartículas esféricas altamente estáveis e com elevada atividade antimicrobiana, essencial no tratamento de queimaduras, uma vez que a infecção é uma das principais complicações clínicas deste tipo de lesão. A bióloga disse que os métodos adotados em seu estudo já existiam, porém "a inovação ficou por conta da sua aplicação em feridas provocadas por queimaduras."

Ao mesmo tempo, ela encapsulou um composto formado por glutationa e óxido nítrico (GSNO) em nanopartículas preparadas com um polímero biodegradável-biocompatível e recobertas por quitosana (que também possui elevada atividade antimicrobiana).Uma das maiores vantagens desse sistema é a de proteger o fármaco dentro do organismo e alcançar uma liberação sustentada, eliminando a necessidade de reaplicação e tornando-se uma alternativa às terapias de longo prazo.

O GSNO, já testado em feridas crônicas como de pacientes diabéticos, também nunca fora testado em queimaduras e demonstrou grande potencial de cicatrização nos experimentos. O recobrimento com quitosana, segundo a mestranda, além de proporcionar atividade antimicrobiana, permite uma maior permanência das nanopartículas em superfícies mucosas, prolongando a liberação do princípio ativo encapsulado.

O tratamento mais usado nos hospitais é o creme à base de sulfadiazina de prata 1%. Entretanto, após sua aplicação, costuma-se ocluir a ferida com gaze. Por exigir trocas frequentes, este tipo de tratamento torna-se bastante incômodo e doloroso para o paciente.Alguns produtos, como loções oleosas à base de ácidos graxos essenciais, gazes impregnadas com Aloe vera e membranas de poliuretano, constituem opções menos doloridas, por não aderirem à ferida. Todavia, são em sua maioria importados, elevando os custos do uso em larga escala nos centros de terapia para queimados. Estima-se que o Sistema Único de Saúde (SUS) gaste por ano cerca de R$ 55 milhões com tratamentos desses pacientes.

A biomédica explica que ambas as nanopartículas foram aplicadas nos animais duas vezes ao dia, sob a forma de gel que foi posteriormente absorvido pelo organismo, assim como as nanopartículas poliméricas. "É um dos métodos mais empregados na indústria cosmética e farmacêutica para o preparo de pomadas e cremes, por ser inerte ao organismo. É usado como um veículo para as substâncias" , explica.

A principal indicação dos géis contendo as nanopartículas desenvolvidas pela biomédica seria para o tratamento de queimaduras pouco graves e de pequena a média extensão. " Seria inviável para o tratamento de uma lesão que acometeu 80% do corpo, o que exigiria quantidades muito grandes do produto. Queimaduras muito graves e/ou extensas também podem acometer pulmões e outros órgãos vitais, diminuindo ainda mais a expectativa de vida do paciente, sendo necessárias medidas mais rápidas" , reforça Larissa.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as queimaduras constituem um dos maiores problemas de saúde pública. No Brasil, estima-se que aconteçam um milhão de acidentes com queimaduras térmicas por ano. Há apenas 10% de hospitalização e cerca de 2,5 mil óbitos em todas as faixas etárias, conforme informações da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ). As queimaduras também estão entre as causas primárias externas de morte, atrás apenas de causas violentas, como acidentes de trânsito e homicídios.
 
Fonte isaude.net

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