Especialistas reunidos em São Paulo debatem aprimoramento da assistência em instituições brasileiras
Atualmente hospitais que atendem mais convênios são mais saudáveis. No sistema público a preocupação é buscar fontes para o custeio dessas iniciativas |
Buscar uma acreditação para aprimorar a qualidade da assistência é uma decisão que cabe inteiramente aos altos executivos da gestão de um hospital, mas em boa parte das vezes isso simplesmente não é uma preocupação. E mesmo quando o primeiro passo é dado, os departamentos encarregados de zelar pela qualidade podem encontrar dificuldades em envolver os gestores.
O assunto foi uma constante durante o Hospital Quality Management 2013, conferência de gestão e qualidade hospitalar realizada em São Paulo nesta quarta-feira (17). Para o superintendente geral da Santa Casa de Misericórdia de Jacareí, Adrianos Loverdos, cabe aos gestores a coragem de buscar no corpo clínico os talentos necessários para estabelecer uma necessária cultura da qualidade.
“O diagnóstico inicial sobre os objetivos futuros da instituição é o do gestor, só depois da certificadora”, ponderou Loverdos ao comparar dois diferentes organogramas. No primeiro, o departamento de qualidade está submetido ao de recursos humanos, enquanto no segundo, “mais correto”, está diretamente submetido à alta gestão. “Isso é muito importante. Na minha opinião é errado dizer que ‘tanto faz’ onde essa estrutura se insere”.
A entidade pretende iniciar processos de avaliação para um acreditação no primeiro semestre de 2014, mas enfrenta particular dificuldade na obtenção de recursos para financiar iniciativas de qualidade. “Atualmente hospitais que atendem mais convênios são mais saudáveis. No sistema público a preocupação é buscar fontes para o custeio dessas iniciativas”, disse.
A gerente de qualidade da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), Maria Magalhães, concorda com o peso da decisão dos gestores. Atualmente, a organização gerencia unidades hospitalares e ambulatoriais construídas e equipadas pelo estado de São Paulo e por municípios, duas delas com Acreditação Canadense e cinco com ONA (entre as quais três em nível de excelência).
“Em todas a decisão do gestor pesou na obtenção”, ponderou Maria.
Não qualidade
Para a coordenadora médica de qualidade do Hospital Santa Marcelina, localizado na capital paulista, Carla de Oliveira Assis, o custo para a busca da qualidade é grande, mas muito maior é o prejuízo resultante da não-qualidade. O hospital trabalha desde 2009 na implantação de processos de qualidade para uma futura certificação (CQH), mas esbarra não só tamanho da instituição, mas na gestão de um entidade que funciona em grande parte subsidiada por verbas públicas.
Para a coordenadora médica de qualidade do Hospital Santa Marcelina, localizado na capital paulista, Carla de Oliveira Assis, o custo para a busca da qualidade é grande, mas muito maior é o prejuízo resultante da não-qualidade. O hospital trabalha desde 2009 na implantação de processos de qualidade para uma futura certificação (CQH), mas esbarra não só tamanho da instituição, mas na gestão de um entidade que funciona em grande parte subsidiada por verbas públicas.
O desafio, segundo Carla, é mostrar para a alta administração o custo desta não-qualidade, e como a economia de custos permite reservar mais recursos para investir na qualidade propriamente dita. Ela cita um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) que calcula que entre 20% e 40% dos gastos globais em saúde correspondem a ineficiências.
Mas há esperança, adverte: o atual contexto do setor – com baixos níveis gerais de qualidade, constante problema de financiamento do SUS, pressão crescente da opinião pública – podem ser um caminho para mudanças na gestão das instituições de saúde. “A crise colabora para criar uma mentalidade de que é preciso melhorar o aproveitamento dos recursos”, ponderou.
Para ela, o fim da crise passa necessariamente por três grandes mudanças chave na gestão: melhorar a qualidade, a produtividade e reduzir custos. Mas esses objetivos só são alcançáveis com adesão, motivação e participação do capital humano. “Gestores acham difícil entender que as pessoas são importantes. Os recursos humanos são os primeiros a serem reduzidos em tempos de crise”, disse.
Por isso a administração hospitalar e os médicos devem “andar de mãos de dadas”. A coordenadora considera que a gestão da qualidade deve estar atrelada diretamente ao interesse da alta administração, mas elenca como obstáculos as peculiaridades do setor de saúde, nos quais as leis de mercado raramente se encontram com as necessidades dos pacientes.
Fonte SaudeWeb
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