Por Dr. André Felício
Pouco se conhece ainda
sobre a capacidade que a tecnologia pode ter de alterar as nossas
funções cognitivas, em particular, a memória. O que parece, entretanto, é
que, paulatinamente, esta tecnologia vem se tornando uma extensão de
nossa memória.
Vivemos em uma
sociedade muito dinâmica e complexa, cuja informação se transforma
rapidamente. Mais do que isto, essa "informação" parece replicar sem
controle. Com os buscadores da internet, seja o Google, Yahoo, entre
outros, estamos desenvolvendo muito mais estratégias para "achar" o que
procuramos do que propriamente "lembrar" o que queremos. Assim, talvez
você não se lembre, de bate pronto, da capital de um país, mas com o
acesso à internet e o Google, sabe como encontrar esta resposta
facilmente.
Os neurologistas sempre dividiram a memória em memória de trabalho, memória de curta duração e memória de longa duração.
O fato é que hoje temos à disposição uma memória virtual com capacidade
de armazenar e resgatar informações muito mais facilmente do que
fazemos. A diferença é que essa memória está localizada "fora" do corpo
humano e é coletiva, ou seja, não pertence a apenas um indivíduo.
Um dos benefícios de poder contar com
um banco de dados online é deixar o cérebro livre para armazenar
conteúdos mais relevantes. Assim, na agenda de telefone, no bloco de
anotações e usando o Google você procura um telefone do colega, o local
exato do compromisso ou a capital de um país, respectivamente. O ruim
dessa tecnologia é a dependência que se cria. Quem, afinal, nunca ficou
com raiva por causa da internet que não funcionou?
A tecnologia
mudou, de maneira inexorável, nossa relação com as funções cognitivas, e
este processo, daqui para frente, parece-me irreversível. Cabe a nós
"filtrar" o que é informação útil, porque o advento desta mesma
tecnologia trouxe consigo um lixo eletrônico perturbador, que gera
ansiedade e atrasa a procura por informação "de verdade".
Minha Vida
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