As possibilidades terapêuticas disponíveis para as pessoas que querem ter um bebê e não conseguem engravidar naturalmente são muitas: medicamentos, inseminação intra-uterina, fertilização in vitro, ovodoação, adoção de esperma, gravidez de substituição (barriga de aluguel). “No entanto, o emprego das tecnologias reprodutivas levanta muitas questões: médicas, emocionais, morais e financeiras, particularmente para as pessoas que tomam decisões de acordo com sua religião”, afirma o ginecologista Nelson Júnior, diretor do Projeto ALFA, Aliança de Laboratórios de Fertilização Assistida.
Por isto, antes de iniciar um tratamento de reprodução assistida, o médico sugere uma reflexão sobre cinco pontos principais:
1) Seja claro sobre suas esperanças, desejos e objetivos
“O que motiva o seu desejo de ter um filho? Você vê a paternidade ou a maternidade como uma vocação ou como ‘a vocação?’. O quão importante para você é a experiência da gravidez e do parto? É importante que haja uma ligação genética entre pais e filhos? É vital que você saiba as respostas para estas perguntas, para que você possa avaliar as muitas opções para a construção de uma família”, diz o diretor do Projeto ALFA.
2) Considere questões morais
Questões morais em torno das tecnologias reprodutivas abrangem as preocupações levantadas em debates tradicionais sobre aborto, vida embrionária, descarte de embriões, herança genética e escolhas reprodutivas. “Por exemplo, quais são as implicações de sermos capazes de controlar certos aspectos da procriação? Crianças são como presentes de Deus ou como produtos fabricados, segundo as especificações dos pais? Não faça nada que vá de encontro aos seus princípios”, recomenda o ginecologista Nelson Júnior.
3) Fique à vontade
Os pacientes, muitas vezes, podem estar ansiosos para avançar rapidamente com o tratamento, especialmente se eles já vêm tentando engravidar por muito tempo ou se são mais velhos. “No entanto, tempo é fundamental neste processo! Tempo para conversar e tomar decisões respaldadas por seu parceiro, por sua família, por seus amigos, por seus conselheiros religiosos… Reserve tempo para compreender todo o processo de tratamento, ao invés ‘de ser empurrado’ ao longo de uma etapa para a seguinte”, aconselha o diretor do Projeto ALFA.
4) Reflita sobre as decisões
O emprego das tecnologias reprodutivas exige dezenas de decisões concretas. “Como você vai decidir que é hora de passar dos procedimentos de baixa tecnologia (medicamentos, inseminação intra-uterina) para os de alta tecnologia (como a fertilização in vitro)? O que você vai fazer com os embriões que sobraram da sua fertilização in vitro? Como é que vai decidir quando parar com os tratamentos, se eles não forem bem sucedidos? É claro que pode haver ‘surpresas ao longo do caminho’, e você pode mudar de ideia, mas é preciso refletir sobre cada passo, antes de iniciar esta caminhada”, afirma o ginecologista, que também é presidente da Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva.
5) Procure ajuda
Concretizar a maternidade ou a paternidade – apesar das barreiras para a concepção natural – é um processo difícil. “Você vai precisar de apoio. Procure pessoas com quem você pode compartilhar suas ansiedades, frustrações e sofrimentos. No entanto, é preciso estar ciente também de que muitas pessoas ‘estão mal equipadas’ para nos ajudar com a tomada de decisões. Dilemas reprodutivos tendem a estar envoltos em clichês, mesmo entre nossos familiares e amigos: ‘Se é vontade de Deus, você vai ter um filho’, ‘Apenas relaxe e você vai ficar grávida’, ‘Por que você simplesmente não adota?’. As tecnologias reprodutivas oferecem esperança aos que aspiram ser pais, mas levantam muitas questões difíceis. Pense sobre estes aspectos, antes de iniciar o seu tratamento”, destaca o ginecologista Nelson Júnior, diretor do Projeto ALFA.
Fonte Corposaun
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