Teste em humanos começa em doses contra hepatite B e em breve pode substituir a agulha nas aplicações contra gripe, catapora e rotavírus
A gotinha indolor pode substituir de vez a injeção nas campanhas de vacinação em massa do futuro. O Brasil deu o primeiro passo em direção a esta realidade. Até o final do ano, começam os testes em humanos de um composto que transforma a dose injetável que protege contra a hepatite B em uma administrada por via oral.
A projeção é que o mesmo mecanismo de ação transformadora seja utilizado em vacinas contra a gripe, catapora, hepatite C e rotavírus, hoje aplicadas por meio da seringa e da agulha. Os criadores, em entrevista ao iG, afirmam que já estudam também adicionar a substância às vacinas que ainda estão em teste, como as da dengue, do HIV e do câncer.
Isso sugere que, quando chegarem ao mercado, elas também não causarão a dor da picada e a proteção contra estas doenças será possível via gotas.
“Nosso grande objetivo era facilitar a aplicação das vacinas em larga escala e diminuir os custos na rede pública”, afirma Ogari Pacheco, presidente do laboratório Cristália, entidade que desenvolveu a substância transformadora da vacina injetável para oral em parceria com o Instituto Butantan, que é do governo do Estado de São Paulo.
“Além de não provocar o incômodo da agulhada, a vantagem é que por ser oral é possível associar outros tipos de imunização na mesma dose”, afirmou Marcelo de Franco, diretor substituto do Butantan. Indolor e protetora contra o maior número possível de doenças são as duas principais características desejadas nas vacinas do futuro, dizem especialistas.
Como funciona
As análises sobre a aplicação da substância transformadora da vacina contra a hepatite B são as que estão em fase mais avançada e, por isso, serão as primeiras a serem testadas em humanos. Até dezembro, as avaliações devem começar, mas ainda não há prazo para que cheguem à população.
A inovação foi possibilitada pela descoberta de um novo veículo, feito por meio de nanopartículas. Chamada de sílica nanoestruturada, a substância eleva a produção de anticorpos contra a doença, e não é anulada pela acidez do sistema gastrointestinal. Isso permite que ela alcance a corrente sanguínea, levando a proteção a todo organismo. Atualmente, com exceção da vacina contra a paralisia infantil, todas as outras são aplicadas via injeção por conta da ação do suco gástrico.
“Como a vacina contra a hepatite B já faz parte do calendário público de vacinas, decidimos ceder a patente de uso nesta dose para o governos federal e do Estado de São Paulo”, afirmou o presidente do laboratório Cristália. O acordo foi anunciado , em evento com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha e o governador paulista, Geraldo Alckmin.
Fonte iG
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