Segundo estudo da UFPE, ausência de parceiro ou conflitos conjugais são as principais causas da abstinência sexual neste grupo
Estudo conduzido na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) revela que tanto a atividade quanto a satisfação sexual permanecem ao longo da vida das mulheres e se manifestam de diversas formas, sendo a ausência de um parceiro ou conflitos conjugais as principais causas da abstinência sexual neste grupo. Pesquisa abordou três formas de prática sexual de mulheres entre 60 e 91 anos: heteroafetiva, homoafetiva e autoerotização.
Durante o estudo, foram entrevistadas 276 idosas, de 15 grupos de convivência, das quais 190 declararam desejo por sexo. " Aquelas que revelaram ausência de desejo alegaram terem sofrido traumas, conflitos com o marido (agressividade, infidelidade etc.) e virgindade. Algumas eram viúvas que resguardavam a imagem do esposo e havia ainda as que referiram doenças crônicas que inibiam o surgimento do desejo" , afirma Mário Roberto Agostinho da Silva, mestre em Saúde Coletiva da UFPE. Segundo ele, esse desejo, muitas vezes, é reprimido, ao ponto de algumas mulheres tentarem substituí-lo por outras atividades ou pensamentos e até tomarem remédios para evitá-lo.
Mário Roberto também destaca o percentual de mulheres que não tinham domínio sobre o próprio desejo. " Elas queriam transar com o marido, mas sublimavam isso porque aguardavam a hora em que ele estivesse com vontade. Outras odiavam a relação com o marido, mas se submetiam a ele, inclusive embriagado, porque não tinham controle pra executar nem evitar o ato sexual" descreve. Ele explica que o ciclo de reposta sexual da mulher é variável: tanto pode começar sem o desejo ou a excitação, como pode se encerrar antes do orgasmo. A satisfação pode surgir com um carinho, por exemplo, diferente da maioria dos homens.
Religião
A educação familiar e religiosa foi identificada na pesquisa como alguns dos fatores sociodemográficos que mais influenciam no comportamento sexual, impedindo a busca saudável pela satisfação plena da sexualidade. Para algumas culturas calcadas em religiões, o ato sexual devia ser desprovido de prazer, com a função única de procriar, sendo a mulher proibida de expressar seus sentimentos. A educação feminina também era rígida, e os reflexos dessa época, em que a mulher deveria guardar-se " imaculada" como um sinal de honra, assumindo o cuidado da casa, dos filhos e do marido, permanecem até hoje. " Muitas das entrevistadas conheceram o marido no dia do casamento" , conta o pesquisador.
Novo olhar para o idoso
Diante do crescimento da expectativa de vida no Brasil e também da feminização do envelhecimento, o pesquisador considera importante o novo olhar que seu estudo lança sobre a sexualidade dos idosos, tanto pelo ponto de vista do próprio idoso quanto pelo ponto de vista da saúde pública. Segundo ele, vários casos considerados como disfunção sexual têm como causa a falta de informação e podem ser evitados, além do índice de Aids na terceira idade, que precisa ser alertado e combatido. Na área acadêmica, Mário Roberto afirma que ainda existe escassez na literatura sobre sexualidade e idosos, bem como a ausência conceitual no diz respeito à satisfação sexual.
Fonte isaude.net
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