Foram reprovados 46,7% dos estudantes de medicina que participaram do teste e que estavam prestes a entrar no mercado de trabalho
De 4.821 estudantes de medicina que participaram do Exame do Cremesp entre 2005 e 2011, 2.250 não foram aprovados, uma taxa de reprovação correspondente a 46,7%. Ou seja, entre todos os formandos que estavam prestes a entrar no mercado - e que fizeram as provas -, quase a metade foi considerada despreparada para o exercício da profissão, segundo critérios mínimos estabelecidos pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.
O Exame do Cremesp, opcional até 2011, avalia o desempenho dos formandos das escoas médicas do Estado de São Paulo. Sob supervisão do Cremesp em todas as etapas, o exame é aplicado pela Fundação Carlos Chagas, instituição com grande experiência em concursos.
O Cremesp estabeleceu como nota de corte para a aprovação o acerto de 60% das perguntas. Em todos os anos, as provas foram constituídas de 120 questões distribuídas por nove áreas básicas do conhecimento médico. Por esse critério, foram aprovados os estudantes que acertaram um mínimo de 72 questões.
O exame de 2011, o mais recente da série de sete anos consecutivos, foi realizado em outubro passado. Dos 418 estudantes que participaram, 191 deles - ou 46,0% do total - acertaram menos que 72 questões. Significa, pelos critérios do Cremesp, que não estão preparados para o exercício da profissão.
Em quatro dos sete anos de exames, mais da metade dos estudantes foram reprovados. Em 2008, apenas 39% dos 730 alunos participantes acertaram o mínimo de 72 questões. Em 2009 e 2007, a porcentagem de aprovados foi de 44%. Os melhores resultados, com 62% e 68% de aprovação, foram obtidos em 2005 e 2006, anos em que o exame ainda estava em fase experimental. Nos últimos cinco anos, a média de aprovação foi sempre menor que 60%. Essa tendência consistente é considerada pelo Cremesp como insatisfatória e preocupante.
O resultado do Exame do Cremesp demonstra, de forma persistente, sérias deficiências no ensino médico no Estado de São Paulo. É importante considerar que a situação pode ser pior. Devido ao caráter opcional do exame, em tese os alunos mais preparados podem demonstrar maior interesse em participar da avaliação.
Por seu caráter voluntário, e a consequente irregularidade na participação das escolas, a distribuição dos participantes não foi homogênea entre os cursos. O número reduzido de alunos de diversas escolas não permite avaliar o desempenho individual das instituições. Não é possível, portanto, estabelecer um ranking de desempenho das escolas. A recusa dos estudantes permite deduzir que as notas seriam ainda mais preocupantes se houvesse maior participação. Alunos e instituições que não se sentem preparados, tendem a não se expor diante de exames que não são obrigatórios. Um dos objetivos do Exame obrigatório a partir de 2012 é justamente diminuir essa distorção e permitir uma avaliação mais ampla e aprofundada do ensino médico em São Paulo.
O Exame do Cremesp, agora obrigatório, sedimenta uma posição histórica do Conselho de São Paulo que sempre apoiou e participou das várias experiências de avaliação dos cursos e dos seus egressos. Na década de 1990, por exemplo, esteve à frente do Projeto Cinaem - Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico. Mais recentemente, tem apoiado as medidas do MEC de diminuição do número de vagas, diante dos fracos resultados de escolas médicas no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, Enade. O Cremesp defende a instituição de um Exame Nacional de Habilitação, o que depende de aprovação de lei pelo Congresso Nacional.
Fonte isaude.net
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