São Paulo – Uma pesquisa feita com amostras de bebidas alcoólicas
clandestinas, como cachaças de alambique, uísques falsificados e licores
artesanais, de sete municípios de São Paulo e Minas Gerais apontou a presença de
substâncias tóxicas como cobre, metanol e carbamato de etila.
O estudo foi feito
pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com apoio parcial do Icap
(International Center for Alcohol Policies). Além do Brasil, participaram da
pesquisa países como Rússia, China, Índia, México e Sri Lanka.
Para as análises brasileiras, foram consideradas 65 amostras de bebidas (51
somente de cachaças) colhidas nas cidades de São Paulo e Diadema, município
localizado na região metropolitana de São Paulo, durante o ano de 2010. Dessas,
61 foram obtidas entre consumidores e vendedores informais. O restante foi pego
diretamente com produtores. “Coletamos principalmente as [bebidas] que achávamos
que eram falsificadas, porque percebíamos claramente que eram falsas. Quando
tinham rótulos, não tinham selo de garantia do Ministério da Agricultura e os
preços eram muito baixos”, explicou Elisaldo Carlini, professor do Cebrid e
coordenador do estudo.
Outras 87 amostras (63 apenas de cachaças) foram obtidas em cinco cidades de
Minas Gerais, entre elas a capital Belo Horizonte, além de cidades famosas pela
produção de cachaça como Passa Quatro e Salinas. As bebidas foram colhidas entre
2011 e 2012, em bares, festas e vendedores de rua.
Os resultados do estudo foram apresentados ontem (30) na capital paulista
durante um simpósio sobre o assunto. De acordo com Carlini, um dos elementos
tóxicos encontrados nas amostras foi o metanol, tipo de álcool altamente tóxico
e que, se ingerido, pode causar cegueira e até levar à morte, explicou o
professor.
Entre as amostras mineiras, em 25 do total de 87 garrafas foi encontrado
metanol, mas nenhuma das amostras ultrapassou o limite permitido de 200 partes
por milhão (ppm), disse Carlini. Das amostras paulistas, 24 das 54 que foram
levadas para análise apresentaram o álcool tóxico, mas apenas uma amostra de
vinho registrou índice acima do limite legal.
Outro elemento presente nas bebidas foi o cobre, que pode prejudicar a
absorção de minerais no organismo. O elemento foi encontrado em 11 amostras de
São Paulo e em 15 das mineiras. Algumas estavam muito acima do limite legal, de
5 ppm, chegando a 26 ou 27 ppm.
O carbamato de etila, um agente cancerígeno, também estava presente em 65 das
87 bebidas de Minas Gerais. “Em algumas amostras, [a concentração] era tão
grande que dava para saber que estava exagerado”, concluiu o pesquisador.
Outra irregularidade constatada foi que a concentração alcoólica de 27 das 51
amostras de São Paulo e de 30 das 63 amostras de Minas Gerias ficaram abaixo do
que determina a lei. “Ficamos surpresos. Não sabemos se isso é ruim ou se é bom,
nós só sabemos que não está legal”.
Além de analisar as bebidas, o estudo ouviu 430 adultos do estado de São
Paulo e 564 de Minas Gerais. Os participantes eram, majoritariamente, homens com
idades entre 18 e 30 anos, e nível de escolaridade entre nível médio e superior.
A ampla maioria dos entrevistados, 60,1% dos mineiros e 96,3% dos paulistas,
declarou consumir álcool.
O tipo de bebida mais frequente foi a cerveja, seguido pelo vinho. A cachaça
ficou em terceiro lugar como a mais consumida em Minas Gerais e em quarto entre
as preferidas dos paulistas. As razões apontadas pelo estudo para esse alto
consumo de cachaça foram o baixo preço e o fácil acesso à bebida.
Fonte Agência Brasil
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