A prática regular de atividade física sempre esteve ligada à
imagem de pessoas saudáveis. Antigamente, existiam duas idéias que tentavam
explicar a associação entre o exercício e a saúde: a primeira defendia que
alguns indivíduos apresentavam uma predisposição genética á prática de exercício
físico, já que possuíam boa saúde, vigor físico e disposição mental; a outra
proposta dizia que a atividade física, na verdade, representava um estímulo
ambiental responsável pela ausência de doenças, saúde mental e boa aptidão
física. Hoje em dia sabe-se que os dois conceitos são importantes e se
relacionam.
Mas o que é atividade física? De acordo com Marcello Montti,
atividade física é definida como um conjunto de ações que um indivíduo ou grupo
de pessoas pratica envolvendo gasto de energia e alterações do organismo, por
meio de exercícios que envolvam movimentos corporais, com aplicação de uma ou
mais aptidões físicas, além de atividades mental e social, de modo que terá como
resultados os benefícios à saúde.
No Brasil, o sedentarismo é um problema que vem assumindo
grande importância. As pesquisas mostram que a população atual gasta bem menos
calorias por dia, do que gastava há 100 anos, o que explica porque o
sedentarismo afetaria aproximadamente 70% da população brasileira, mais do que a
obesidade, a hipertensão, o tabagismo, o diabetes e o colesterol alto. O estilo
de vida atual pode ser responsabilizado por 54% do risco de morte por infarto e
por 50% do risco de morte por derrame cerebral, as principais causas de morte em
nosso país. Assim, vemos como a atividade física é assunto de saúde
pública
Por que a preocupação com o sedentarismo?
Na grande maioria dos países em desenvolvimento, grupo do qual
faz parte o Brasil, mais de 60% dos adultos que vivem em áreas urbanas não
praticam um nível adequado de exercício físico. Esse problema fica mais claro
quando levamos em conta os dados do censo de 2000, que mostram que 80% da
população brasileira vive nas cidades.Por que a preocupação com o sedentarismo?
Os indivíduos mais sujeitos ao sedentarismo são: mulheres,
idosos, pessoas de nível sócio-econômico mais baixo e os indivíduos
incapacitados. Observou-se que as pessoas reduzem, gradativamente, o nível de
atividade física, a partir da adolescência.
Em todo o mundo observa-se um aumento da obesidade, o que se
relaciona pelo menos em parte à falta da prática de atividades físicas. É o
famoso estilo de vida moderno, no qual a maior parte do tempo livre é passado
assistindo televisão, usando computadores, jogando videogames, etc.
Quais são os benefícios da atividade física?
Quais são os benefícios da atividade física?
A prática regular de exercícios físicos acompanha-se de
benefícios que se manifestam sob todos os aspectos do organismo. Do ponto de
vista músculo-esquelético, auxilia na melhora da força e do tônus muscular e da
flexibilidade, fortalecimento dos ossos e das articulações. No caso de crianças,
pode ajudar no desenvolvimento das habilidades psicomotoras.
Com relação à saúde física, observamos perda de peso e da
porcentagem de gordura corporal, redução da pressão arterial em repouso, melhora
do diabetes, diminuição do colesterol total e aumento do HDL-colesterol (o
"colesterol bom"). Todos esses benefícios auxiliam na prevenção e no controle de
doenças, sendo importantes para a redução da mortalidade associada a elas. Veja,
a pessoa que deixa de ser sedentária e passa a ser um pouco mais ativa diminui o
risco de morte por doenças do coração em 40%! Isso mostra que uma pequena
mudança nos hábitos de vida é capaz de provocar uma grande melhora na saúde e na
qualidade de vida.
Já no campo da saúde mental, a prática de exercícios ajuda na
regulação das substâncias relacionadas ao sistema nervoso, melhora o fluxo de
sangue para o cérebro, ajuda na capacidade de lidar com problemas e com o
estresse. Além disso, auxilia também na manutenção da abstinência de drogas e na
recuperação da auto-estima. Há redução da ansiedade e do estresse, ajudando no
tratamento da depressão.
A atividade física pode também exercer efeitos no convívio
social do indivíduo, tanto no ambiente de trabalho quanto no familiar.
Interessante notar que quanto maior o gasto de energia, em
atividades físicas habituais, maiores serão os benefícios para a saúde. Porém,
as maiores diferenças na incidência de doenças ocorrem entre os indivíduos
sedentários e os pouco ativos. Entre os últimos e aqueles que se exercitam mais,
a diferença não é tão grande. Assim, não é necessária a prática intensa de
atividade física para que se garanta seus benefícios para a saúde. O mínimo de
atividade física necessária para que se alcance esse objetivo é de mais ou menos
200Kcal/dia. Dessa forma, atividades que consomem mais energia podem ser
realizadas por menos tempo e com menor freqüência, enquanto aquelas com menor
gasto devem ser realizadas por mais tempo e/ou mais freqüentes.
A escolha é feita individualmente, levando-se em conta os
seguintes fatores:
• Preferência pessoal: o benefício da atividade só é conseguido com a
prática regular da mesma, e a continuidade depende do prazer que a pessoa sente
em realizá-la. Assim, não adianta indicar uma atividade que a pessoa não se
sinta bem praticando.
• Aptidão necessária: algumas atividades dependem de habilidades
específicas. Para conseguir realizar atividades mais exigentes, a pessoa deve
seguir um programa de condicionamento gradual, começando de atividades mais
leves.
• Risco associado à atividade: alguns tipos de exercícios podem
associar-se a alguns tipos de lesão, em determinados indivíduos que já são
predispostos.
Atividade física em crianças e jovens
Atividade física em crianças e jovens
Nesses grupos, além de ser importante na aquisição de
habilidades psicomotoras, a atividade física é importante para o desenvolvimento
intelectual, favorecendo um melhor desempenho escolar e também melhor convívio
social. A prática regular de exercícios pode funcionar como uma via de escape
para a energia "extra normal" das crianças, ou seja, sua hiperatividade.
Atividade física em idosos
A falta de aptidão física e a capacidade funcional pobre são
umas das principais causas de baixa qualidade de vida, nos idosos. Com o avanço
da idade, há uma redução da capacidade cardiovascular, da massa muscular, da
força e flexibilidade musculares, sendo que esses efeitos são exacerbados pela
falta de exercício.Atividade física em idosos
Está mais do que comprovado que os idosos obtém benefícios da prática de atividade física regular tanto quanto os jovens. Ela promove mudanças corporais, melhora a auto-estima, a autoconfiança e a afetividade, aumentando a socialização.
Antes do início da prática de exercícios, o idoso deve passar
por uma avaliação médica cuidadosa e realização de exames. Isso permitirá ao
médico indicar a melhor atividade, que pode incluir: caminhada, exercício em
bicicleta ergométrica, natação, hidroginástica e musculação.
Algumas recomendações são importantes, e valem também para as
outras faixas etárias:
• Uso de roupas e calçados adequados.
• Ingestão de grandes quantidades de
líquidos, antes do exercício.
• Praticar atividades apenas quando estiver se
sentindo bem.
• Iniciar as atividades lenta e gradualmente.
• Evitar o
cigarro e medicamentos para dormir.
• Alimentar-se até duas horas antes do
exercício.
• Respeitar seus limites pessoais.
• Informar qualquer
sintoma.
Atividade física
durante a gestação
É necessário a todas as gestantes um trabalho corporal a cada
trimestre da gestação, para facilitar a adequação às alterações que ocorrem
nesse período. Uma melhor capacidade cardiorrespiratória facilita a realização
das atividades domésticas; uma melhoria das condições musculares e esqueléticas
ajuda na adaptação às mudanças posturais e no trabalho de parto. Além disso, é
de extrema importância a auto-estima, a convivência com outras gestantes e os
sentimentos de segurança e de felicidade.
Os exercícios de ginástica garantem fortalecimento muscular,
protegendo assim as articulações e reduzindo o risco de lesões. Ajudam também na
oxigenação, na circulação e no controle da respiração. Já os exercícios
desenvolvidos na água favorecem o relaxamento corporal, reduzem as dores nas
pernas e o inchaço dos pés e mãos.
Antes do início dos exercícios, a gestante deve passar por
consulta de pré-natal para ser avaliada pelo obstetra. Após a realização dos
exames ele poderá liberar ou não a prática de exercícios. As mulheres que já
praticavam atividade física e que nunca sofreram aborto espontâneo, podem
continuar as atividades após adaptação para seu novo estado. Já aquelas
sedentárias devem iniciar os exercícios após a décima segunda semana de
gestação. Não havendo problemas, os exercícios podem ser continuados até o
parto, embora seja necessário reduzir a intensidade aos poucos. Após o parto
normal, as atividades podem ser retomadas após 40 dias. No caso de cesárea, o
médico avalia cada caso.
As atividades físicas mais recomendadas às mulheres grávidas
são:
• Caminhada: é muito bom para a preparação para o parto, já que
melhora a capacidade cardiorrespiratória e favorece o encaixe do bebê na bacia
da mãe. O ideal é caminhar 3 vezes por semana, cerca de 30 minutos.
•
Natação: trabalha bastante a musculatura. Atenção: apenas algumas
modalidades são liberadas durante a gestação.
• Hidroginástica: são os
mais indicados para as gestantes!
• Alongamento: ajuda a manter a
musculatura relaxada e o controle da respiração.
Para finalizar devemos ressaltar que a prática de atividade
física deve ser sempre indicada e acompanhada por profissional qualificado,
incluindo médicos, fisioterapeutas e profissionais de educação física. Caso
sinta algo diferente é mandatório informar ao responsável. Outro ponto
importante, que não deve ser esquecido, é a adoção de uma alimentação saudável,
rica em frutas, legumes, verduras e fibras. Prefira o consumo de carnes
grelhadas ou preparadas com pouca gordura. Evite o consumo excessivo de doces,
comidas congeladas e os famosos lanches de "fast-foods". E lembre-se: beba muito
líquido (de preferência água e sucos naturais).
A atividade física consiste em exercícios bem planejados e bem
estruturados, realizados repetitivamente. Eles conferem benefícios aos
praticantes e têm seus riscos minimizados através de orientação e controle
adequados. Esses exercícios regulares aumentam a longevidade, melhoram o nível
de energia, a disposição e a saúde de um modo geral. Afetam de maneira positiva
o desempenho intelectual, o raciocínio, a velocidade de reação, o convívio
social. O que isso quer dizer? Há uma melhora significativa da sua qualidade de
vida!
O que precisamos ressaltar é o investimento contínuo no futuro,
a partir do qual as pessoas devem buscar formas de se tornarem mais ativas no
seu dia-a-dia, como subir escadas, sair para dançar, praticar atividades como
jardinagem, lavagem do carro, passeios no parque. A palavra de ordem é
MOVIMENTO.
Fonte Boa Saúde
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