Regularmente saem notícias sobre o que pode propiciar uma vida longa.
Ficar sentado pode cortar anos de vida. Tomar complexos vitamínicos pode reduzir os índices de câncer. Fumar é ruim. A dieta mediterrânea é boa. Alimentos gordurosos, ruins. Estresse, ruim. Exercícios, bons. Alguns outros conselhos: não pare de trabalhar, tenha muitos amigos, beba um copo de vinho por dia. A lista não tem fim.
Mas o que acontece, de verdade, quando você computa os números?
Segundo dois estudos publicados recentemente, é melhor fumar do que ficar assistindo à televisão durante horas por dia.
Cientistas que pesquisaram 12 mil adultos australianos, relatou o "Times", descobriram que cada hora de televisão que um adulto assiste depois dos 25 anos reduz sua expectativa de vida em 21,8 minutos.
Já fumar um único cigarro reduz a expectativa de vida em cerca de 11 minutos.
Um adulto que passe em média seis horas por dia sentado assistindo à TV pode esperar viver 4,8 anos a menos do que uma pessoa que não assiste à TV.
Os resultados de outro estudo sobre ficar sentado foram semelhantes.
"Muitos na sociedade moderna têm empregos que exigem que eles fiquem sentados diante de um computador o dia inteiro", disse ao "Times" a doutora Emma Wilmot, pesquisadora da Universidade de Leicester, na Inglaterra, que conduziu uma revisão de dados de 18 estudos envolvendo 794.577 pessoas.
"Podemos nos convencer de que não corremos o risco de doenças porque fazemos os 30 minutos de exercícios diários recomendados pelos médicos. Mas ainda corremos riscos se ficarmos sentados o dia todo".
Cientistas que estudam o DNA e outras biodinâmicas moleculares poderão, em breve, oferecer uma vida mais longa aos que desejarem.
David Ewing Duncan escreveu no "Times" que, nos últimos três anos, ele perguntou às quase 30 mil pessoas que foram às suas palestras o quanto elas gostariam de viver: 80 anos, 120 anos, 150 anos (o que exigiria um grande avanço biotecnológico) ou para sempre.
Cerca de 60% escolheram uma vida de 80 anos. Outras 30% escolheram 120 anos e quase 10% 150 anos. Menos de 1% desejavam a imortalidade, relatou.
Depois de saber sobre as possibilidades de prolongamento da vida, incluindo tratamentos com células-tronco, biônica e outros regimes com drogas, poucas pessoas queriam viver mais tempo, escreveu Duncan.
Mesmo quando diziam às pessoas que havia sido inventada uma pílula para desacelerar o envelhecimento pela metade, permitindo que uma pessoa de 60 anos tenha um corpo de 30, somente cerca de 10% das pessoas preferiram viver por 150 anos.
Muitas estavam preocupadas com o que resultaria prolongar a vida de milhões de pessoas, incluindo o tédio, o custo de uma vida mais longa e o impacto de tantas pessoas a mais sobre a Terra.
Algumas temiam que milhões de centenários saudáveis privassem os mais jovens de empregos e oportunidades que ocorrem com a passagem das gerações.
Os moradores da ilha grega de Ikaria, onde muitos vivem até os 90 anos, não pensam muito na passagem de gerações. Nem estão terrivelmente preocupados com o tempo. Ou o dinheiro.
Eles cultivam a maior parte de seu alimento, dormem o quanto querem, têm pouco interesse por bens materiais e passam longas tardes e noites em atividades sociais com amigos, tomando vinho produzido no local, e em refeições caseiras. Esses fatores podem contribuir para o notável índice de longevidade de Ikaria, um dos mais altos do mundo.
"As pessoas ficam acordadas até tarde por aqui. Acordamos tarde e sempre tiramos cochilos", disse ao "Times" o doutor Ilias Leriadis, um dos poucos médicos da ilha. "Você percebeu que ninguém usa relógio?"
O doutor Leriadis indicou o que pode ser o segredo da longa vida dos ilhéus: "Aqui simplesmente não nos importamos com o que mostra o relógio".
Fonte Folhaonline
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