Além da exposição ao sol, pessoas que tenham pintas ou que passam por
bronzeamento artificial são mais propensas
Os raios solares são grandes causadores do câncer de pele ou o melanoma,
comum no Brasil, mas engana-se quem acredita que as pessoas de pele e olhos
claros são as maiores vítimas desse tipo de câncer, que representa 25% dos
tumores diagnosticados no país. Além da exposição excessiva ao sol, fatores como
o estilo de vida e o histórico familiar do paciente devem ser considerados.
A dermatologista Thaís Grazziotin explica que a radiação ultravioleta é a
maior responsável pelo câncer de pele, porém a incidência não se dá apenas
através do sol.
Essa radiação é o principal fator ambiental associado ao melanoma, mas
também está comprovado um aumento de risco em pessoas que utilizam câmaras de
bronzeamento artificial, proporcional ao tempo de uso e idade de exposição —
esclarece a dermatologista.
Segundo Thaís, quanto mais cedo o contato com os raios ultravioleta, mais
fácil o desenvolvimento da doença. Nas primeiras décadas de vida, o perigo é
maior.
Características físicas como pele clara, cabelo loiro ou ruivo, olhos verdes
ou azuis, tendência a sardas e pele que queima facilmente ao sol estão
relacionadas ao aumento de risco para melanomas. Pessoas que trabalham várias
horas desprotegidas, como agricultores e profissionais da construção civil,
também fazem parte da parcela mais propensa à neoplasia. No entanto, a atenção
se volta para quem apresenta nevos na pele, as popularmente conhecidas como
"pintas".
Pessoas com alto volume de nevos, em geral entre 50 e 100, devem estar
atentas. Sinais de pele atípicos e maiores de 5 milímetros, com vários tons de
cor e bordas irregulares, que aumentam de tamanho, recentes ou de nascença,
representam riscos importantes — alerta Thaís.
Casos na família também são determinantes para o diagnóstico e merecem
atenção especial. A história familiar de melanoma está presente em 10% dos casos
e representa uma suscetibilidade genética à doença, sendo mais significativa
quanto mais próximo o parentesco e maior o número de familiares acometidos.
Dermatoscopia atua no rastreamento dos casos
O combate ao câncer de pele começa na prevenção com os cuidados à exposição
dos raios ultravioleta. Os sintomas são identificados nos nevos de aspecto
diferente, por isso, o paciente deve estar atento para a prevenção e para o
diagnóstico precoce. Atualmente, um dos exames mais importantes para observar os
sinais na pele é a dermatoscopia, que aumenta as chances de cura e reduz a
indicação de cirurgias desnecessárias.
As fotografias de corpo inteiro e a dermatoscopia digital facilitam o
diagnóstico de lesões iniciais através da detecção de modificações em nevos
pré-existentes, surgimento de novos sinais, e possibilita a comparação ao longo
do tempo — explica Thaís.
O exame também contribui para diagnosticar as lesões que devem ser retiradas,
mas isso não elimina um possível retorno da doença. O acompanhamento a longo
prazo constitui uma importante medida de prevenção em pessoas com maior risco. A
frequência da reavaliação é variável e depende das características de cada
paciente, sendo geralmente repetida a cada três, seis ou 12 meses.
Dicas para o autoexame de pele:
O que procurar?
— Manchas pruriginosas (que coçam), descamativas ou que sangram
— Sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor
— Feridas que não cicatrizam em quatro semanas
Deve-se ter em mente o ABCD da transformação de uma pinta em
melanoma, como descrito abaixo:
— Assimetria: uma metade diferente da outra
— Bordas irregulares: contorno mal definido
— Cor variável: várias cores numa mesma lesão — preta, castanho, branca,
avermelhada ou azul
— Diâmetro: maior que 6 mm
Como fazer?
— Em frente a um espelho, com os braços levantados, examine seu corpo de
frente, de costas e os lados direito e esquerdo.
— Dobre os cotovelos e observe cuidadosamente as mãos, antebraços, braços e
axilas.
— Examine as partes da frente, detrás e dos lados das pernas além da região
genital.
— Sentado, examine atentamente a planta e o peito dos pés, assim como os
entre os dedos.
— Com o auxílio de um espelho de mão e de uma escova ou secador, examine o
couro cabeludo, pescoço e orelhas.
— Finalmente, ainda com auxílio do espelho de mão, examine as costas e as
nádegas.
Fonte: Instituto Nacional do Câncer
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