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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Governo quer atrair pesquisa clínica liberando pagamento de voluntários

Novas regras, aprovadas em dezembro, vão alterar resolução do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa em vigor há 16 anos; forma e valor da remuneração serão regulamentados em até 6 meses
 
O governo brasileiro quer atrair mais pesquisas clínicas para o País por meio de três novas medidas: a possibilidade de remuneração dos voluntários - o que até então era proibido -, a priorização na análise do pedido das pesquisas que tenham interesse público e a acreditação dos centros de pesquisa do Brasil para, em tese, descentralizar o processo.
 
As novas regras foram aprovadas pelo Conselho Nacional de Saúde em dezembro passado e mudarão a resolução do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) que está em vigor há 16 anos sem alterações.
 
Mas representantes da indústria e de pesquisadores discordam da visão do governo. Para eles, o pagamento dos voluntários é bem-vindo, mas é problema secundário. Eles reclamam que a nova resolução não contempla a principal queixa, a demora na aprovação dos estudos.
 
A forma de remuneração dos voluntários deverá ser regulamentada nos próximos seis meses - os valores ainda não foram discutidos. Essa regra só vai valer para quem participar de pesquisas de fase 1, que analisam a segurança de uma determinada molécula inovadora, e para estudos de bioequivalência, que avaliam se um medicamento genérico tem a mesma eficácia de uma droga de referência (de marca).
 
Segundo Carlos Gadelha, secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, essas três medidas vão atrair mais pesquisas de inovação para o Brasil, em especial as de fase 1. "Vai permitir que a gente seja dinâmico em pesquisa clínica e que a gente proteja quem participa", diz.
 
Alterações
Para realizar as alterações, o CNS abriu uma consulta pública que recebeu cerca de 1,8 mil contribuições - a maioria delas questionando o excesso de prazo para aprovação das pesquisas. Todas as contribuições para a atualização foram discutidas por mais de um ano.
 
Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontam que apenas 4% das pesquisas clínicas realizadas no Brasil são de fase 1. As de fase 2 representam 22%, as da fase 3 são 63% e as de fase 4 são 11%, o que demonstra o baixo grau de inovação da indústria nacional.
 
As fases 1 e 2 - que avaliam segurança e eficácia preliminar - costumam ocorrer no lugar onde os fármacos foram criados. No Brasil, elas representam só 26% dos estudos.
 
Segundo Gadelha, ao aprovar essas novas normas, o Brasil estaria caminhando para deixar de fazer apenas as fases finais e menos inovadoras para entrar na fase de pesquisa inovadora.
 
"Com essa política, a gente permite atrair o núcleo de conhecimento mais central do processo de inovação em saúde. Justamente por apenas 4% das pesquisas de fase 1 acontecerem no Brasil, a gente tinha de intervir nessa etapa. Estamos atuando no gargalo crítico da pesquisa que não é feita no Brasil, utilizando um instrumento para incentivar que ela seja feita", afirmou.
 
Para Gadelha, o pagamento do voluntário é uma das formas de atuar nesse "gargalo". "Dentre todas as ações, o pagamento é um elemento a mais, mas essencial para que a gente evolua na pesquisa em saúde. O fator remuneração não é o único. Mas é um dos que vão favorecer que a gente realize as pesquisas mais nobres no País", avalia.
 
O ministério ainda não sabe, no entanto, como será feito esse pagamento, quantas vezes o voluntário vai poder participar da pesquisa nem qual o valor máximo a ser pago ao sujeito.
 
"Todas as normas vão estabelecer limites claros para que não se torne um negócio participar de pesquisa clínica no País. O que eu posso afirmar é que será um limite baixo (o valor do pagamento). De forma alguma vamos permitir uma mercantilização do processo", afirmou.
 
Fonte Estadão

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