Como o verão gaúcho bate recordes de calor, há pais preocupados com a
temperatura que seus filhos irão encontrar no local onde passam a maior parte do
dia: a escolinha. Acostumadas a conviver com ar-condicionado no carro, em casa e
até mesmo no consultório do pediatra, muitas crianças ficam sem a refrigeração
quando chegam à escola.
Alguns pais estão reclamando – não querem que os filhotes passem calor. Os
protestos, inclusive, estão fazendo instituições reverem a questão. É o caso de
uma tradicional escola de educação infantil de Porto Alegre, que era contrária à
climatização, mas está repensando sua decisão. Uma das diretoras, Ana Paula
Moura explica que a posição original da escola era baseada no argumento dos
pediatras, de que o contato com ar-condicionado poderia prejudicar a saúde dos
pitocos.
— Já estamos vendo orçamentos para refrigerar a escola — diz.
Em 17 anos de trabalho com esse público, essa é a primeira vez que Nilo
Ortiz, outro diretor da mesma instituição, vê tamanha mobilização por parte dos
pais:
— Só deles, porque os filhos não reclamam nem demostram indisposição.
Responsável pela administração de outra escola infantil, Frederio Behrends
diz que procura equilibrar a climatização em algumas salas de aula e o contato
com o ambiente externo. Uma das estratégias antes de ligar o aparelho é observar
o clima na cidade:
— Como há bastante umidade e nossa escola é arborizada, estimulamos que as
crianças fiquem na rua, brincando na sombra.
É dessa forma que a atriz Juliana Amorim procura educar a filha Dara, dois
anos e meio. Ela prefere as salas de aula que não têm ar-condicionado. Na escola
que frequenta, Dara costuma se refrescar de formas mais naturais.
— Querer que a criança viva trancada em uma sala gelada é privá-la de um
contato direto com a natureza, que é muito saudável. Melhor levá-la para a
piscina e para fazer atividades ao ar livre, como tomar banho de mangueira e
encher bexiga — sugere Juliana.
A psicóloga Adriane Turatti de Rose, mãe de José Pedro, dois anos e meio,
defende o ar-condicionado:
— Acho muito melhor eles estarem refrescados do que passando calor. Senão,
ficam irritadiços, cabisbaixos.
O que dizem os médicos
Segundo a pediatra Silvana Marcantônio, manter as crianças em ambientes
resfriados não é contraindicado. O importante é que a temperatura esteja
agradável e não prejudique o humor das crianças, que também sofrem com o
calor.
É preciso, porém, ter um cuidado rigoroso com a mudança radical de
temperatura e a limpeza do filtro do ar-condicionado, pois os alérgicos são mais
sensíveis.
A pediatra explica ainda que a questão tornou-se natural porque, com a
facilidade de adquirir um ar-condicionado e carros climatizados, as crianças se
acostumaram com o conforto.
Fonte Zero Hora
Fonte Zero Hora
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