Dois estudos publicados nesta semana mostram que cada vez mais o câncer
passa a ser tratado como uma doença de marcação genética, e não definido só pelo
órgão em que teve origem.
Os trabalhos mostraram que o tipo mais perigoso de câncer de útero tem uma
grande semelhança com os piores de mama e de ovário.
Os estudos do câncer de endométrio --revestimento do útero-- e o de leucemia
mieloide aguda, publicados na revista "Nature" e no "New England Journal of
Medicine", são parte de um projeto dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA
para esmiuçar o DNA em busca de alterações comuns aos cânceres.
No ano passado, pesquisadores já anunciaram descobertas genéticas
significativas nos cânceres de mama, intestino e pulmão, tendo sido
identificadas similaridades entre diferentes tumores.
O atual estudo envolveu mais de cem pesquisadores, que analisaram mais de 400
tumores de endométrio e 200 casos de leucemia.
Com essa análise, os cientistas criaram uma forma mais precisa de classificar
os tumores de endométrio.
Outra descoberta mostrou que muitos dos cânceres tinham uma mutação que só
havia sido vista nos de cólon e que desativa um sistema reparador de danos no
DNA, resultando em cem vezes mais mutações do que o normal nas células
cancerosas.
Além disso, viu-se que os piores tumores de endométrio eram muito similares
aos mais letais no ovário e nas mamas, levantando a possibilidade de que os três
tipos de câncer possam responder às mesmas drogas.
O estudo nos pacientes com leucemia também vai permitir classificar a doença
e suas alternativas de tratamento de forma mais precisa.
Com base nas mais de 260 alterações encontradas, os cientistas terão um guia
para saber, num futuro próximo, que pacientes devem fazer só a químio e quais
devem optar por um transplante de medula, opção que envolve risco de morte de
10%.
Conhecer as mutações também permite procurar drogas que mirem esses alvos
genéticos.
Fonte Folhaonline
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