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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Fitoterápico pode reduzir efeito de tratamento médico

Calmante: passiflora age no sistema nervoso
Algumas plantas e chás diminuem a eficácia de remédios contra insuficiência cardíaca e Aids
 
Ao falar sobre fitoterápicos, é preciso compreender uma regra fundamental: eles não são inofensivos. Muita gente acredita que os remédios naturais, por serem feitos a partir de plantas, não fazem mal. Essa crença está errada. Seu uso indevido, na hora errada, pode provocar partos prematuros e, em alguns casos, até matar.
 
“Chá de alho e ginkgo biloba tem efeito anticoagulante. Isso pode ser perigoso em caso de cirurgias, pois há risco do sangramento ser prolongado”, alerta Stela Maris Kuze Rates, farmacêutica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
 
Além disso, a pesquisadora conta que há risco de acidentes durante a anestesia, no caso de fitoterápicos que agem sobre o sistema nervoso central, como valeriana, kava e passiflora. “Pode até ser morte”, afirma. Depende da quantidade ingerida e da resposta do organismo.

“O problema é que muitas pessoas não contam aos médicos que estão usando fitoterápicos”, aponta Nestor Schor, nefrologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). O alerta deve ser feito sempre, tanto em caso de cirurgias quanto no momento da prescrição de medicamentos sintéticos.
 
Hipérico é outro exemplo de fitoterápico que pode ser perigoso. “Ele reduz a eficácia de anti-retrovirais, de medicamentos contra insuficiência cardíaca e de anticoncepcionais”, enumera a Stela Maris.
 
Portadores de HIV, conta a farmacêutica, usam a substância contra depressão, que é comum entre os pacientes. “Mas isso coloca em risco a eficácia de todo o tratamento”, afirma.
 
Até a babosa, usada contra constipação, tem suas contraindicações. Ela pode causar contrações, provocando abortos e partos prematuros, em mulheres grávidas.
 
Ação no metabolismo
“Fitoterápicos mexem com o metabolismo, o que pode causar problemas sérios”, afirma Schor. O remédio natural pode aumentar ou diminuir a velocidade de absorção dos medicamentos sintéticos, aumentando ou reduzindo também o seu efeito no organismo.
 
“Isso acontece porque o fitoterápico age nos sistemas do fígado, órgão responsável por eliminar as drogas (medicamentos sintéticos)”, explica o médico Roberto Boorhem, presidente da Associação Brasileira de Fitoterapia (ABFIT).
 
Em outras palavras, aquele chá que parecia tão inofensivo pode comprometer tratamentos delicados contra doenças como insuficiência cardíaca e Aids. Esse problema é conhecido como interação medicamentosa.
 
De um lado, a paciente não sabe o risco que está correndo. “Muita gente recorre a automedicação, pegando dicas de amigos”, diz Schor. De outro, os próprios médicos ainda não conhecem bem o universo dos fitoterápicos. “A prescrição deve ser feita por especialistas que conheçam os estudos científicos desta área”, adverte Boorhem.
 
Babosa: uso pode causar contrações e até aborto
Em contrapartida, o uso apropriado do fitoterápico é benéfico. “Estudos sugerem que esse tipo de medicação possa ajudar no tratamento de câncer, potencializando a quimioterapia e reduzindo seus efeitos colaterais”, afirma Boorhem.
 
O médico ainda ressalta que, em alguns poucos casos, não seria perigoso usar fitoterápicos por conta própria. “Chás de camomila e de alho, por exemplo, podem ser usados por um curto período, nas aplicações já consagradas destas substâncias (para acalmar e contra gripe)”, comenta.
 
O que não deve se fazer, na opinião do médico, é adotar esses chás em contextos fora do convencional. “Já usaram chá de camomila contra gastrite, porque se falava em suas propriedades cicatrizantes. Ai, muita gente acabou desenvolvendo úlcera”, recorda.
 
Homeopatia
Na medicina homeopática, a situação é menos preocupante. “Raramente acontecem problemas com os medicamentos homeopáticos”, afirma Márcia Telles, homeopata da Associação Brasileira de Medicina Complementar (ABMC). “O que pode acontecer é o inverso: alopatia interferindo na homeopatia”, conta Sérgio Eiji Furuta, diretor da Associação Paulista de Homeopatia (APH).
 
O médico explica que anti-inflamatórios e remédios que tenham cortisona podem prejudicar o efeito de algumas substâncias usadas na homeopatia. “Mas não há risco do paciente passar mal por causa disso”, tranquiliza.
 
Com exceção destes casos, Furuta vê de forma positiva a associação entre homeopatia e alopatia.
 
“Quando os tratamentos são feitos juntos, a saúde do paciente pode melhorar mais rápido”, afirma. O que não se deve fazer, aos menos não de maneira repentina, é substituir a alopatia pela homeopatia. A troca deve ser gradual, na opinião do médico, sendo que alguns casos requerem a combinação permanente dos tratamentos.
 
Fonte iG

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