A relação entre o consumo de bebidas gaseificadas e diversos problemas de saúde está sendo estudada há alguns anos |
As borbulhas de uma bebida com bastante gás atraem o paladar de muita gente. Seja na água, no refrigerante ou mesmo na cerveja, a presença do gás carbônico pode tornar o líquido mais interessante e saboroso. Mas será que a ingestão desse componente não prejudica a saúde? Essa efervescência tão agradável ao paladar não pode acabar fazendo mal ao estômago e ao processo digestivo?
Ainda que não existam evidências para apontar o gás como o verdadeiro vilão dessa história, uma provável relação entre o consumo de bebidas gaseificadas e diversos problemas de saúde está sendo estudada há alguns anos, segundo a nutricionista e professora da Feevale, Cláudia Winter. A ingestão das bolinhas está supostamente ligada à descalcificação dos ossos, obesidade, má digestão e celulite, somente para citar algumas consequências.
— Essa relação é mais mito que verdade. A principal questão que muitos ignoram é a presença de outras substâncias em muitas dessas bebidas, como cafeína, açúcares, adulcorantes e sódio que, essas sim, contribuem para o aumento de peso, redução da absorção de cálcio e aumento da pressão arterial — explica Cláudia.
Efeitos dependem do perfil de quem consome
Mesmo quem optar pela água com gás, que está livre dessas substâncias nocivas, deve manter a cautela. O gás carbônico, inserido artificialmente no líquido, pode causar alguns transtornos, especialmente para aquelas pessoas que já sofrem de problema gástrico.
— Este gás, juntamente com o baixo pH de muitas dessas bebidas, pode irritar ainda mais a mucosa gástrica — observa a nutricionista do Centro de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas da PUCRS, Milene Amarante Pufal.
O gastroenterologista do Complexo Hospitalar Santa Casa, Idílio Zamin Junior, também pondera que o gás pode causar sensação de "estufamento", mesmo que de forma transitória, o que gera desconforto.
— Esses efeitos dependem muito do perfil da pessoa e da quantidade de líquido ingerido, mas o gás pode piorar problemas como o refluxo gástrico, azia e queimação. Ou seja, especialmente para quem já sofre com esses sintomas, é bom evitar as bebidas gaseificadas — recomenda.
Em quantidades moderadas, entretanto, o consumo de água com gás não é prejudicial. A escolha fica pela preferência do paladar e é equilibrada pelo bom senso. O alerta fica para as outras bebidas gaseificadas, como os refrigerantes, que têm diversas substâncias que atrapalham a boa saúde e, combinadas ao gás, podem fazer mal.
Como é feita a água com gás
A maioria das marcas de água com gás vendidas atualmente no mercado é gaseificada artificialmente.
O oxigênio do líquido é retirado, e o gás carbônico inserido um pouco antes de a bebida ser engarrafada.
— O processo é feito por um equipamento carbonatador, em pequenas bolhas que fazem o gás carbônico ser solubilizado no líquido. Entretanto, mesmo com esse processo, a água deve ter a mesma composição da versão sem gás — explica o enólogo, professor e pesquisador em Biotecnologia da Unisinos, Juliano Garavaglia.
Os refrigerantes também têm carbonização artificial, com o gás carbônico inserido no processo de fabricação. Já em bebidas como a cerveja e o espumante, o gás é resultado de um processo natural.
No caso da cerveja, a fermentação da levedura é que dá origem ao gás carbônico e uma pequena correção do gás é feita no momento do engarrafamento. O mesmo ocorre com o espumante, que igualmente é gaseificado de maneira natural, mas sem uma correção quando a bebida é engarrafada.
Direto da natureza
A água gaseificada também pode ser encontrada na natureza, mas o fenômeno é um tanto raro aqui no Brasil. O processo natural de formação de água carbogasosa ou carbonatada, como é chamada pelos cientistas, surge do aquecimento subterrâneo. As fontes estão, geralmente, situadas em regiões próximas a vulcões ou onde a camada de magma está mais próxima da superfície terrestre. O calor do magma atravessa as rochas e alcança os reservatórios de água. A temperatura elevada quebra as moléculas dos minerais da água, liberando vapores e incorporando os gases ao líquido.
A maioria das águas gasosas naturais, entretanto, apresenta um teor de gás carbônico bem mais suave, por isso não costuma ser encontrada à venda dessa forma.
Zero hora
Nenhum comentário:
Postar um comentário