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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Relação com idosos apresenta impacto emocional em cuidadores

Proximidade do cuidador com influencia diretamente o emocional do idoso
Foto: Ginasanders/Stock Photo
Proximidade do cuidador com influencia diretamente o
emocional do idoso
De acordo com pesquisa realizada na USP, os cuidadores de idosos necessitam de espaço de comunicação próprio
 
Cuidadores de idosos na saúde pública também necessitam de um espaço de comunicação e cuidado voltado a si próprios. "Esses cuidadores lidam com situações de muita precariedade, muita dificuldade e estão sofrendo no trabalho. Há um sofrimento do próprio cuidador", conta a psicóloga Roberta Elias Manna. Em pesquisa do "Ser e Fazer", serviço de atendimento clínico do Instituto de Psicologia (IP) da USP, ela identificou campos de sentido afetivo-emocional envolvidos no trabalho e relação dos profissionais com os idosos que demonstram os impactos emocionais dessa vivência para os cuidadores. "Esses campos nos contam a forma como esses cuidadores vivenciam a experiência de cuidado com os idosos. As sutilezas e as delicadezas dessa relação, que se dá no campo inter-humano".

Foi a partir de uma entrevista coletiva com oito cuidadoras do Programa de Acompanhantes de Idosos (PAI) da Prefeitura de São Paulo que a psicóloga realizou o estudo. No encontro, foi solicitado que as profissionais desenhassem um idoso e narrassem sua história. Segundo Roberta, esta é uma maneira de contar a experiência de serem acompanhantes de idosos em estágio frágil em uma cidade como São Paulo. "O Procedimento de Desenho-Estória com Tema, desenvolvido na USP pela professora Tania Aiello Vaisberg, é um facilitador da comunicação emocional", diz.

Partindo dos desenhos, foi possível, em uma análise psicanalítica, identificar interpretativamente os campos de sentido afetivo-emocional que fazem parte do imaginário coletivo dessas cuidadoras, ou seja, aspectos que revelam a experiência que esse coletivo de profissionais tem a respeito dos idosos. "É um lugar em que há uma crença subjacente, algo que permeia a relação da cuidadora com o idoso, e a sua vivência com relação a ela", explica a psicóloga.

Roberta identificou, ao todo, seis campos de sentido, que demonstram a proximidade do cuidador com a situação de fragilidade do idoso. Três deles dizem respeito à relação entre cuidador e idoso: "cuidar enobrece a alma", "cuidado com esse velho!" e "mas eu sou de confiança!". Os demais fazem referência à situação de fragilidade do idoso: "perdendo a autonomia", "empobrecendo a convivência" e "vontade de viver(?)". "São campos que trazem uma condição humana, que é própria da relação do cuidador com o idoso, mas que também diz respeito a todos nós", relata a pesquisadora.

Cada cuidador do PAI acompanha cerca de dez idosos, cada um com diferentes rotinas e projetos de cuidado, elaborados pela equipe do programa. "O cuidador da saúde pública vai cuidar de vários idosos e vai precisar se adaptar a necessidades muito variadas", explica Roberta. "Entre os atendidos pelo programa, há idosos em condições psicológicas, físicas e sociais bastante precárias", conta a pesquisadora. Do contato com essas pessoas também provém relatos de efeitos positivos do trabalho realizado. "É um trabalho de muita delicadeza e às vezes uma ação muito sutil faz uma revolução na vida da pessoa", diz.

Outro aspecto indicativo da relação de proximidade estabelecida entre acompanhante e idoso é a maneira como as cuidadoras se referiam a eles na entrevista coletiva, chamando-os de "meu idoso". "Entendi que elas estavam contando uma relação de muita proximidade. Não era um idoso qualquer, era o meu idoso", comenta a psicóloga.

"Essa forma de ver o idoso vai, sem dúvida, afetar o cuidado", ela conta. As experiências do cuidador, traduzidas nesses campos de sentido, têm efeito sobre a maneira como ele se relacionará e sobre o tipo de cuidado que virá a permear suas interações com o idoso que acompanha. Por isso, opina Roberta, é necessário que também se volte a atenção ao cuidador, em uma capacitação que vá além do fornecimento de informações técnicas. "Temos uma preocupação de que essa capacitação se dê como uma sustentação emocional para o trabalho que realizam, que é de muita dificuldade".
 
Isaude.net

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