"Entendemos de remédio muito mais do que qualquer médico. Nossa formação é
voltada para isso. Cada macaco no seu galho".
A frase é do presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São
Paulo, Pedro Menegasso, em reação às manifestações contrárias à norma que
permite o farmacêutico a prescrever remédios isentos de receita médica.
A nova resolução será publicada nesta quarta-feira no "Diário Oficial da União",
conforme a Folha revelou na edição de ontem.
Na reportagem, Renato Azevedo Júnior, presidente do Cremesp (Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo), relacionou a publicação da norma à
lei do Ato Médico, aprovada em junho, que deixou de prever como exclusivo do
médico o ato de prescrever tratamentos.
"A lei do Ato Médico abriu brecha para qualquer um prescrever medicamentos. É
bem complicado", disse ele.
A lei, aprovada em junho, deixou de prever como exclusivo do médico o ato de
prescrever tratamentos após os vetos feitos pela presidente Dilma Rousseff.
"Não tem nada a ver com o ato médico. Discutimos isso por anos. Coincidiu de
a publicação ocorrer agora, que está essa confusão com os médicos", afirmou.
Uma outra bandeira que os farmacêuticos defendem que o governo brasileiro
autorize o farmacêutico a prescrever um determinado grupo de medicamentos
intermediário entre os de prescrição médica e os isentos de receita, chamado de
medicamentos de prescrição farmacêutica.
O Paracetamol 750 mg é um exemplo. Nos EUA e na Inglaterra, o uso é restrito,
depende de receita prescrita pelo farmacêutico, por ser muito tóxico ao fígado.
"Não queremos invadir a área de ninguém. Só queremos regularizar o que já
acontece de maneira informal nas farmácias", diz Menegasso.
Segundo ele, há farmacêuticos que escrevem a posologia e as orientações na
caixinha do remédio. "Por que não escrever em um receituário, deixar registrado
isso?"
Com a norma, eles poderão tratar o que chamam de "transtornos menores", como dor de cabeça ou diarreia.
Com a norma, eles poderão tratar o que chamam de "transtornos menores", como dor de cabeça ou diarreia.
O cliente que chegar ao balcão da farmácia para comprar um analgésico poderá
passar por uma "consulta" e receber um receituário com a assinatura e o carimbo
do farmacêutico, segundo o presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter
Jorge João. "Estamos tendo essa coragem de dar mais responsabilidade ao
farmacêutico. Ele não é profissional só do medicamento, ele também tem que
cuidar do paciente."
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress |
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