Enquanto em outros países mães militares costumam desmamar seus filhos de quatro a seis meses mais cedo que as demais mulheres, no Brasil não há essa diferença. A conclusão é de um estudo apresentado na Faculdade de Medicina da UFMG, que ressalta a importância do aleitamento materno em todos os casos.
A pesquisa mostra que mesmo a chamada atividade operacional, que consiste no patrulhamento nas ruas, não é determinante para o desmame precoce entre as militares. Para a autora da dissertação, Tatiana Bossert Freitas, tenente farmacêutica da Polícia Militar de MG, duas hipóteses podem explicar o fato. "Muitas vezes a mãe é direcionada para atividades mais administrativas ao voltar da licença-maternidade. Mas também pode ser que, apesar de suas características peculiares e questões militares, a atividade operacional não tenha mesmo nenhuma interferência no que se refere ao aleitamento materno", explica.
Cem mães militares foram entrevistadas, entre maio de 2009 e setembro de 2011. O objetivo era descobrir como e por quanto tempo elas amamentavam, além de coletar dados sobre a carreira militar. Desse total, 94 fizeram o aleitamento materno, com duração média de sete meses. O aleitamento exclusivo, no entanto, foi praticado por somente 23% dessas mães, por um período de apenas quatro meses. "Esses resultados ainda estão aquém do recomendado pela OMS, que é de aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses e complementado até os dois anos", afirma a autora.
O estudo também ressaltou a importância de informar as mães corretamente sobre o valor do aleitamento materno adequado. Ao contrário do que seria esperado, mães que receberam informações sobre o assunto no pré-natal amamentaram seus filhos por um tempo menor. A autora da pesquisa aponta a falta de preparo dos pediatras como possível explicação. "Estudos mostram que pediatras com treinamento específico sobre o assunto têm efeito positivo nos índices de aleitamento materno", conta.
A solução apontada são as consultas de lactação, voltadas especificamente para oferecer informações sobre o aleitamento materno, com especialistas no assunto. O serviço poderia ser prestado no Hospital Militar, no caso das mães militares, e pelos profissionais do Programa Saúde da Família, no caso das civis.
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