Pais de Luz Milagros receberam certidão de óbito e foram se despedir de filha quando ouviram choro no caixão.
Declarada morta por médicos e encontrada com vida pelos pais no necrotério, a pequena Luz Milagros luta pela vida há quatro meses em Buenos Aires, na Argentina.
Desde o incidente, ocorrido em abril, o bebê permanece em terapia intensiva e já foram diagnosticados danos cerebrais considerados irreversíveis.
Na semana passada, a criança foi transferida junto com a mãe do hospital de Buenos Aires para uma unidade na Província de Chaco, noroeste da Argentina, onde a família vive.
"Temos que esperar. Vamos ver como vai continuar", disse Analía Boutet, mãe de Luz Milagros.
Mesmo com a série de problemas do bebê, um dos cinco filhos de Analía, a mãe continua otimista.
"(Luz) Vai continuar se recuperando e logo vamos ver. Ela já passou por umas e outras, já superou (problemas). Muito disso se deve à ajuda das orações", disse Analía.
"Está viva e isto é o que importa."
'Prematuro extremo'
Luz Milagros nasceu depois de apenas 26 semanas de gestação, pesando cerca de 750 gramas. Os médicos qualificam bebês assim como "prematuros extremos".
Quando a criança nasceu, os médicos a declararam morta, pois não registraram os sinais vitais da criança. Luz Milagros nasceu em um hospital de Resistência, capital da Província do Chaco.
Os pais receberam a certidão de óbito e foram se despedir da criança no necrotério. No entanto, se assustaram muito quando encontraram a bebê viva e com sinais vitais.
"É normal que exista pouca vitalidade em nascimentos tão prematuros, e é possível que recuperem seus sinais vitais e possam viver", disse à BBC Claudio Solana, chefe do departamento de neonatologia do Hospital Alemão de Buenos Aires.
A saúde de Luz Milagros se complicou pouco depois de ser encontrada com vida no necrotério. A criança apresentou problemas nos sistemas digestivo e cardíaco.
Devido a estes problemas, os médicos decidiram transferir Luz para Buenos Aires, onde está constantemente em terapia intensiva.
Quatro meses depois do incidente, os médicos consideraram que a saúde da criança permitia a volta à Província onde a família vive.
O peso de Luz Milagros aumentou e ela chegou a pouco mais de dois quilos, mais do que o dobro do que tinha quando nasceu. A bebê apresentou um funcionamento cerebral limitado (cerca de 10%) e ainda precisa de ajuda para se alimentar e respirar.
Casos parecidos
O caso de Luz Milagros pode parecer incrível. No entanto, os especialistas que trabalham na área de neonatologia afirmam que este não é um caso único.
De acordo com médico Claudio Solana, a história de Luz Milagros teve destaque na imprensa pelo fato de a criança ter sido encontrada com vida depois de ter sido declarada morta.
"Mas não me surpreendeu o que aconteceu. Na verdade, acontece com certa frequência", afirmou.
O médico afirma que, em casos de bebês prematuros extremos, existem uma série de riscos e características.
"A partir de uma idade de gestação, de 23 a 24 semanas, existe a possibilidade de sobreviver, mas (o bebê) pode apresentar sequelas crônicas", disse.
Entre os problemas mais comuns estão os respiratórios, digestivos, de crescimento e neurológicos. E a criança também apresenta um alto risco de cegueira devido a um problema chamado retinopatia.
Os médicos do novo centro de saúde da Província de Chaco vão continuar com a terapia intensiva. Mas o objetivo deles é iniciar uma reabilitação que permita o atendimento de Luz Milagros em casa.
A mãe, Analía Boutet, afirma que Luz desafia as expectativas.
"(A bebê) Sempre me respondeu quando falava com ela, movendo o rostinho ou as mãos. Ela reage comigo e é o que importa", disse.
Fonte Estadão
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