Levantamento sobre a doença que mais causa óbitos no País leva em conta
pessoas com menos de 45 anos e confirma tendência mundial
Doença que mais mata no País e que costuma ser associada a pacientes idosos,
o acidente vascular cerebral (AVC) também atinge jovens.
Levantamento feito pelo Ministério da Saúde mostra que 62.270 pessoas com menos de 45 anos morreram no País, entre os anos 2000 e 2010. Do início da década até setembro deste ano, 200 mil pacientes nessa faixa etária foram internados em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) - não entram na conta as internações na rede particular.
Levantamento feito pelo Ministério da Saúde mostra que 62.270 pessoas com menos de 45 anos morreram no País, entre os anos 2000 e 2010. Do início da década até setembro deste ano, 200 mil pacientes nessa faixa etária foram internados em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) - não entram na conta as internações na rede particular.
A questão não é preocupante apenas no Brasil. Estudo da Universidade de
Cincinnati, publicado em outubro no periódico da Academia Americana de
Neurologia, mostrou que, nos anos de 1993 e 1994, 13% das pessoas que sofreram
derrame tinham menos de 55 anos. Em 2005, essa porcentagem alcançou 19%. O
trabalho analisou pacientes da região metropolitana Cincinnati/Northern
Kentucky.
"Essa é uma tendência mundial, que vem com o aumento dos chamados fatores de
risco - obesidade, hipertensão, diabete e sedentarismo. Com tecnologia e
melhores serviços, a mortalidade cai", afirma o secretário de Atenção à Saúde do
ministério, Helvécio Miranda Magalhães.
A tecnologia mais recente adotada pelo Ministério da Saúde é o medicamento
alteplase, único aprovado para o tratamento de AVC isquêmico (quando não há
hemorragia; tipo que responde a 80% dos derrames). O remédio passou a ser
fornecido pelo SUS em abril. Se for ministrado até 4h30 depois dos primeiros
sintomas, reduz as sequelas do derrame.
Em abril, o ministério também divulgou os critérios para a habilitação de
hospitais que serão referência para o atendimento de pacientes com AVC - até
agora, dois assinaram convênio com o governo: o Hospital de Clínicas de Porto
Alegre e o Hospital Geral de Emergência de Fortaleza.
"Queremos criar centros de referência regionais. Identificamos duzentos
hospitais que têm potencial maior para esse tipo de atendimento", disse o
secretário.
O AVC pode ser isquêmico, quando há entupimento dos vasos que levam sangue ao
cérebro. Ou hemorrágico, quando esses vasos se rompem. Em idosos, a causa
principal é a aterosclerose, processo de inflamação que leva à obstrução das
artérias por placas de gordura, explica o vice-presidente da Associação
Brasileira de Neurologia (Abneuro), Rubens José Gagliardi.
"Nos jovens, as causas são diferentes, como malformações cardíacas ou nas
artérias, uso de drogas e de anorexígenos, como femproporex e anfepramona
(anfetamínicos), remédios já proibidos", diz Gagliardi. Ele cita ainda o uso de
anticoncepcionais associado ao tabagismo, além da gravidez.
Antonio Carlos Worms Till, fundador do Vita Check-Up Center, lembra que as
malformações não são maiores hoje. "O que mudou foi o estilo de vida, com a
epidemia de obesidade, mais estresse, mais crises hipertensivas", diz. Ele
ressalta a importância de exames de rotina, como a dosagem de sangue, que
permite controlar glicemia e colesterol.
"Sem essa ferramenta tão simples, o diagnóstico vem depois do AVC, quando a
pessoa terá sequelas motoras, alteração de fala, perda de força. A recuperação
para a vida social é extremamente cara sob vários aspectos - psicológico,
emocional e financeiro", diz.
Fonte Estadão
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