Exame NAT, mais eficaz para detectar HIV, será adotado em dezembro, mas ainda há
falhas
A partir do mês que vem, todas as bolsas de sangue doadas no País terão de
passar pelo teste de ácido nucleico, conhecido como NAT. Mais sensível que outro
teste usado no Brasil, o Elisa, esse exame deve diminuir o risco de contaminação
por HIV e hepatite em transfusões. Mas, segundo especialistas ouvidos pelo
Estado, ele ainda apresenta falhas.
De acordo com Guilherme Genovez, da Coordenação-Geral de Sangue e
Hemoderivados do Ministério da Saúde, 40% das bolsas de sangue doadas no âmbito
do Sistema Único de Saúde (SUS) já passam pelo NAT - agora, a porcentagem deve
atingir 100%.
A adoção do NAT na rede pública se tornará obrigatória pela atualização da
Portaria 1.353, que dispõe sobre a segurança dos hemoderivados. O anúncio de que
a nova regra será publicada neste mês foi feito ontem no Congresso Brasileiro de
Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, no Rio.
Os serviços terão um prazo de 90 dias para se adaptar à norma e a
obrigatoriedade vai se estender à saúde privada. O teste adotado pelo SUS,
contudo, ainda necessita de adaptações. É a avaliação das áreas técnicas dos
hemocentros que já receberam o material e o submeteram a avaliações de controle
de qualidade.
Genovez observa que o NAT nacional, registrado pela Agência Nacional de
Vigilância Santiária (Anvisa) em dezembro de 2010, está em fase de
desenvolvimento. "Os problemas encontrados no NAT hoje são totalmente
solucionáveis. Há soluções tecnológicas e ajustes, mas nenhum problema que
invalide o teste", diz. Sobre a iminente distribuição do teste para todo o País,
Genovez afirma que os ajustes serão feitos ao mesmo tempo em que o teste é
distribuído. "Isso é tempo real, como trocar o pneu com o carro andando. Fazemos
ajustes o tempo todo", completa.
Economia
O teste NAT adotado pelo SUS foi desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O uso da tecnologia nacional vai permitir uma economia anual de cerca de US$ 75 milhões: a importação dos kits para exame custa US $ 100 milhões por ano, os kits nacionais saem por US$ 25 milhões.
O teste NAT adotado pelo SUS foi desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O uso da tecnologia nacional vai permitir uma economia anual de cerca de US$ 75 milhões: a importação dos kits para exame custa US $ 100 milhões por ano, os kits nacionais saem por US$ 25 milhões.
O problema, segundo o médico Carmino Antonio de Souza, presidente da
Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), é
que grandes hemocentros do País têm concluído que o teste não reproduz os
resultados a que se propõe. "Temos uma dificuldade de caráter técnico que
precisa ser esclarecida e resolvida."
É o caso do Hemocentro de Ribeirão Preto, ligado à Universidade de São Paulo
(USP). Segundo o médico Dimas Tadeu Covas, diretor da unidade, o NAT nacional
não passou em alguns testes internacionais de controle de qualidade, aos quais
todo insumo usado no hemocentro deve ser submetido por causa da acreditação pela
Associação Americana de Bancos de Sangue (AABB).
"Não sabemos ainda o que determinou a performance abaixo do desejado. Mas o
teste não é totalmente efetivo", diz Covas. O especialista ressalta que se trata
de um teste ainda em desenvolvimento e que pesquisadores da Fiocruz, que foram
comunicados sobre o problema, têm trabalhado para resolver as falhas.
Para o superintendente-geral da Associação Beneficente de Coleta de Sangue
(Colsan), José Augusto Barreto, houve uma precipitação por parte do ministério
em incluir o teste na rotina. "Os problemas estão surgindo quando o teste já
está sendo usado em larga escala. Essas preocupações deveriam ter aparecido
antes", diz.
A área técnica da Colsan, que é responsável por cerca de 13 mil coletas por
mês e faz parte da Hemorrede do Estado de São Paulo, concluiu que o teste tem
algumas discrepâncias ao fazer comparações dos resultados do NAT nacional com o
NAT de outras marcas.
Fonte Estadão
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