Desde janeiro, quando a ferramenta foi implementada pelo governo para facilitar a aprovação de estudos clínicos, há dificuldades em acessar o sistema
Pesquisadores que precisam submeter estudos clínicos nacionais ou internacionais à aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e devem, obrigatoriamente, cadastrá-los na Plataforma Brasil, implementada em janeiro deste ano. A ferramenta, criada pela CONEP em parceria com a equipe do DCIT/SCTIE/MS para informatizar os procedimentos realizados pelos Comitês de Ética Locais (CEPs), está, no entanto, dificultando a aprovação de estudos clínicos no Brasil, segundo a Abracro (Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica). Profissionais dos centros de pesquisas estariam tendo dificuldades em cadastrar seus estudos, tornando o processo que já é moroso ainda mais deficitário.
Em enquete, realizada pela Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica (SBPPC) e respondida por cerca de 700 pesquisadores que utilizam a Plataforma, constatou que 63% deles consideram a ferramenta ruim ou péssima; 62% não a acham útil; 70% não a acham de fácil entendimento; e 78% não receberam treinamento adequado para usá-la.
“Além da maioria dos CEPs não ter recebido treinamento efetivo para utilização da ferramenta, ela não foi testada nem validada por esses profissionais, que são os que efetivamente precisam manuseá-la. Não há ainda um canal ágil e direto de comunicação entre os CEPs e os técnicos da ferramenta dentro da CONEP. A Plataforma Brasil, que deveria ser um facilitador, tornou-se mais um entrave para o sistema”, revela Daniel Lang, presidente da Abracro, em comunicado.
A pesquisa clínica no Brasil
Hoje, o Brasil demora cerca de um ano para aprovar um estudo clínico em humanos. Isto porque o País é um dos poucos a exigir aprovação de protocolos em três instâncias: duas éticas (do CEP e da CONEP) e uma técnica (da Anvisa). Na Europa, por exemplo, a aprovação de um estudo clínico leva até 80 dias, e nos Estados Unidos demora apenas 60 dias.
“A ferramenta foi tida pela CONEP como promessa para diminuir a burocratização e morosidade do sistema de aprovações entre CEP e o órgão, o que acabou não se concretizando. Esperamos que ela possa ser aprimorada e os profissionais que a usam, treinados, para que enfim exerça o potencial que tem para melhorar os tramites de aprovação no Brasil”, conclui Lang.
Fonte SaudeWeb
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