Foto: Emerson Souza / Agencia RBS Uma das dificuldades no tratamento é fazer com que o paciente tome o medicamento de acordo com a prescrição |
Você pode nem saber localizá-la, mas a tireoide "mora" ali, na região do pescoço, logo abaixo do que conhecemos como pomo-de-adão. No formato similar ao de uma borboleta, a glândula é responsável por liberar hormônios que regulam o metabolismo humano, e que são fundamentais para a realização das funções de diversos órgãos do corpo — como o coração, cérebro, fígado e rins. Ela interfere, também, no crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes, na regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, no peso, na memória, na concentração, no humor e no controle emocional.
Quando a tireoide não funciona corretamente, pode liberar hormônios em quantidade insuficiente (hipotireoidismo) ou em excesso (hipertireoidismo). A incidência de distúrbios na glândula aumenta com a idade e as mulheres são as mais afetadas, por razões ainda desconhecidas pela ciência. A ausência de tratamento adequado pode causar danos complexos, como problemas cardíacos e câncer.
O hipertireoidismo apresenta como principais sintomas tremores nas mãos, sudorese excessiva (suor "quente"), intolerância ao calor, queda de cabelo, unhas quebradiças, perda de peso e massa muscular, irregularidade menstrual, taquicardia ou palpitações e aumento no tamanho da tireoide ("bócio").
Já o hipotireoidismo é uma síndrome metabólica que resulta na deficiência na produção de hormônios pela glândula tireoidiana, localizada no pescoço. O distúrbio apresenta sintomas como depressão, desaceleração dos batimentos cardíacos, intestino preso, menstruação irregular, diminuição da memória, cansaço excessivo, dores musculares, sonolência excessiva, pele seca, queda de cabelo, ganho de peso e aumento do colesterol no sangue. A tireoidite crônica – um conjunto de doenças inflamatórias que afetam a glândula tireoide – atinge cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil, sendo a causa mais frequente de hipotireoidismo.
Mario Vaisman é professor da UFRJ e chefe do serviço de endocrinologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Ele é autor de um estudo publicado no ano passado sobre o tratamento do hipotireoidismo no Brasil. Sua pesquisa revelou que cerca de 7% das mulheres acima de 35 anos no Rio de Janeiro apresentam hipotireoidismo. Ainda segundo o estudo, 50% dos portadores do distúrbio não recebem o tratamento adequado no país — desse total, 28% estão insuficientemente tratados e 18,6% recebem o hormônio T4 (um dos produzidos pela tireoide) em excesso. Dois mil e quinhentos pacientes participaram da pesquisa, realizada em parceria com hospitais e universidades de quatro cidades: Rio de Janeiro, Campinas, Curitiba e Fortaleza.
— O hipotireoidismo é uma doença crônica, ou seja, não pode ser curada, mas controlada. Uma das dificuldades no tratamento é fazer com que o paciente tome o medicamento de acordo com a prescrição, nas datas e horários corretos, sem interrupção. O fator financeiro também faz com que muitos pacientes desistam do tratamento, embora o preço dos remédios disponíveis não seja alto em comparação a outros medicamentos de uso contínuo — afirma o especialista.
Vaisman é um dos que defende a inclusão de medicamentos contra o hipotireoidismo em programas públicos de saúde:
— Desta forma haveria uma maior adesão ao tratamento e se evitaria um grande número de complicações que oneram muito o sistema de saúde.
Fonte Zero Hora
Nenhum comentário:
Postar um comentário