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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Reconstrução dos seios para prevenir câncer pode trazer riscos

Reconstrução dos seios acarreta riscos
Reprodução/Thenewyorktimes
Reconstrução dos seios acarreta riscos
A atriz Angelina Jolie anunciou recentemente que realizou, em fevereiro, uma dupla mastectomia depois que exames apontaram uma mutação genética que a colocou sob alto risco de desenvolver câncer de mama e ovário. Ela também fez uma cirurgia reparadora.
 
A revelação foi elogiada por alguns ativistas como uma decisão ousada, que irá inspirar as mulheres a serem proativas, a investigarem seus riscos e históricos familiares e a cogitarem fazer exames genéticos.
 
Ao mesmo tempo, alguns cirurgiões temem que as pessoas fiquem com a impressão de que a cirurgia reconstrutiva é um procedimento rápido e fácil.
 
Para a maioria dos pacientes, a reconstrução de mama exige uma série de operações prolongadas e retornos médicos. Os resultados podem ser variáveis. Algumas mulheres experimentam tantas complicações que acabam precisando retirar seus implantes.
 
 
Jolie disse que concluiu suas cirurgias reparadoras em nove semanas, mas, para muitas pacientes, o processo dura mais de nove meses. "Três meses é um pouco incomum", disse Gregory Evans, presidente da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos. "Normalmente, digo às minhas pacientes que vai levar cerca de um ano."
 
Mesmo com um ótimo cirurgião plástico, a reconstrução de mamas acarreta riscos de infecção, hemorragia, complicações da anestesia, cicatrizes e dores persistentes nas costas e ombros. Os implantes podem estourar ou vazar, exigindo uma substituição. Se o tecido é transplantado de outras partes do corpo para as mamas, haverá incisões adicionais que precisarão cicatrizar. Se algum músculo for removido, pode haver fraqueza em curto prazo.
 
Uma síndrome chamada disfunção do quarto superior --com sintomas que incluem dor, restrição da mobilidade e redução da sensibilidade e da força-- foi relatada em mais de metade das sobreviventes de câncer de mama. Essa síndrome pode ser ainda mais frequente em pacientes que se submetem à reconstrução do seio, segundo um estudo de 2012 na revista "Cancer".
 
"As pessoas precisam entender que não é uma brisa", disse Geri Barish, que já sobreviveu a três tumores de mama. "Não quero que as pessoas pensem que essa é a panaceia, que é isso aí, vá correndo fazer o exame e retire seus ovários e seios."
 
Com uma variedade de novas técnicas disponíveis, cada uma com seus próprios riscos e potenciais benefícios, a escolha pode ser difícil. A primeira decisão na reconstrução mamária é colocar implantes ou criar um novo seio a partir de músculos ou de gordura e pele retirados de outras partes do corpo, frequentemente o abdome --a chamada transferência autóloga de tecidos. Os cirurgiões plásticos estão mais familiarizados com os implantes, e o procedimento é mais barato que a transferência de tecidos.
 
Sejam implantes salinos ou de silicone, até metade dos implantes precisa ser retirada ou substituída em dez anos, segundo a Sociedade Americana do Câncer. Os implantes podem romper, infeccionar e causar dores. Escaras costumam se formar em torno deles, deixando o seio duro ou desfigurado.
 
Com as transferências autólogas, alguns cirurgiões acham que o resultado é mais natural à vista e ao tato. Há várias opções, cada uma com riscos que incluem fraqueza muscular e morte dos tecidos.
 
A reconstrução dos mamilos é um antigo desafio. Os cirurgiões usam escaras da incisão ou tecido retirado da virilha ou entre as nádegas para criar mamilos. Tatuagens também são usadas para escurecer a aréola, com tatuagens 3D que criam a impressão de um mamilo.
 
Na mastectomia que poupa mamilo e pele, o cirurgião remove todo o tecido da glândula mamária, mas preserva a pele, a aréola e o mamilo --como se retirasse os gomos de uma laranja e preservasse a casca.
 
Porém, mesmo quando isso dá certo, os mamilos costumam se tornar insensíveis e não podem mais desempenhar o mesmo papel na excitação sexual.
 
Células mamárias residuais podem ficar para trás. Há a preocupação de que elas possam se tornar cancerosas.
 
Uma potencial complicação na cirurgia que poupa o mamilo é a necrose do mamilo e da aréola, o que, segundo um estudo recente, atinge um quarto das pacientes, exigindo novas cirurgias
 
Qualquer que seja o procedimento adotado, as infecções são uma complicação comum, exigindo tratamento agressivo com antibióticos e, muitas vezes, cirurgias para retirar os implantes. Um estudo de 2012 estimou que infecções ocorrem em até 35% dos procedimentos reconstrutivos na pós-mastectomia.
 
A multiplicidade de opções e as incerteza sobre qual cirurgia é a mais apropriada para determinada paciente faz com que as decisões sobre a mastectomia preventiva tornem-se cada vez mais difíceis.
 
A cirurgia mamária reconstrutiva de Roseann Valletti foi um sucesso sob praticamente todos os ângulos. Mas ela se sente desconfortável o tempo todo.
 
"Parece que estou enrolada em fita crepe", disse Valletti, 54, referindo-se ao aperto no peito que muitas mulheres descrevem depois da reconstrução.
 
"O aspecto deles é incrível", acrescentou Valletti, professora que mora em Valley Stream (em Nova York) e soube há cinco anos que tinha câncer em estágio inicial em ambas as mamas. "Mas nunca vai dar a sensação de que não está puxando e não está apertado. Levei um tempo para aceitar isso. Esse é o novo normal."
 
Fonte The New York Times/Folhaonline

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