A estimulação mental melhora as funções cerebrais e protege contra o declínio cognitivo |
Se ter 80 anos e um corpinho de 30 é impossível, com dedicação, técnica e
estímulo constante é possível ter um cérebro em forma mesmo com idade
avançada.
A estimulação mental melhora as funções cerebrais e protege contra o declínio
cognitivo. O cérebro, ao contrário do que se pensa, é um órgão capaz de
aprimorar-se ao longo do tempo por meio da interação com o mundo, da percepção e
da ação.
Para mantê-lo cada vez mais afiado, a primeira indicação dos especialistas é
seguir aprendendo coisas novas.
“Manter uma atividade intelectual retarda o aparecimento de problemas
cognitivos. Não há uma recomendação específica, mas quanto mais variada a gama
de atividades, melhor”, aconselha Sonia Bricki, membro da Associação Brasileira
de Neurologia.
Fazem parte dessa lista de novas aprendizagens, por exemplo, cursar uma nova
faculdade, aprender uma língua diferente ou simplesmente tentar jogar sudoku. O
essencial é manter o cérebro ativo. “Ficar parado assistindo televisão, por
exemplo, é ruim, porque a pessoa recebe a informação passivamente, sem reagir a
ela”, afirma a neurologista.
Separar um tempo do dia para “pensar na vida” também pode trazer benefícios.
Pesquisas norte-americanas identificaram que o simples ato de pensar tem
resultados físicos sobre o cérebro. Segundo o estudo, durante o pensamento o
número de dendritos (prolongamentos dos neurônios especializados na recepção de
estímulos nervosos) que se interconectam às células cerebrais aumentam. Ou seja,
quanto mais se pensa, melhor o cérebro trabalha – independente da idade.
Neuróbica
Criada pelo professor de neurobiologia norte-americano, Lawrence C. Katz, a
“aeróbica para os neurônios” ou simplesmente "neuróbica" tem o objetivo de
exercitar partes ou conexões pouco utilizadas do cérebro. A ideia é quebrar a
rotina, em qualquer lugar, a qualquer hora.
Para isso, o médico propõe atividades simples como ir ao trabalho por um
caminho diferente, comer com a mão oposta à habitual, trocar de roupa com os
olhos fechados ou mesmo fazer compras em um supermercado desconhecido. Quando
começar a ficar fácil, ele sugere a combinação de dois ou mais sentidos na
realização de uma tarefa, como ouvir a chuva e reproduzir seu ritmo batendo os
dedos em alguma superfície, ou cheirar um perfume enquanto ouve uma música.
Como cada pessoa utiliza diferentes partes do cérebro por conta de suas
profissões ou preferências pessoais, a indicação é sempre fazer o inverso do que
se está acostumado.
“Uma pessoa que lê muito, por exemplo, deve procurar atividades que exercitem
outras áreas do cérebro, como fazer cálculos matemáticos, jogos de raciocínio ou
de visão espacial”, diz Carla Correia, psicóloga especializada em Programação
Neurolinguística. Segundo ela, a prática deve ser realizada no mínimo três vezes
ao dia.
Levante do sofá!
As pesquisas já confirmaram aquilo que há muito os médicos notavam nos
consultórios: exercício físico ajuda a melhorar a capacidade neurológica. “As
atividades físicas alteram o padrão do funcionamento das células cerebrais, pois
os exercícios melhoram a oxigenação e a comunicação entre as células nervosas –
conhecida como sinapse. E essa comunicação mais rápida entre os neurônios nos
deixa mais ‘espertos’ e com raciocínio mais rápido, explica a neurologista Mirna
Wetters Portuguez, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS).
Melhorando a memória
Todo mundo já esqueceu o nome de uma pessoa, ou um compromisso importante, ou
onde colocou a chave do carro. O mineiro Alberto Dell´Isola Rezende também.
Hoje, no entanto, ele sabe de cor o calendário Gregoriano e Juliano do século 2
ao 23. Em segundos, sem pestanejar, é capaz de dizer que, em 1980, o dia 3 de
dezembro caiu em uma quarta-feira.
O capitão da seleção brasileira de memória conta que, para chegar a esse
patamar, precisou encontrar novas formas de armazenar informações e redescobriu
o próprio cérebro. “Comecei a criar associações.” Para ele, qualquer pessoa pode
melhorar o raciocínio lógico e a memória, basta desenvolver algumas técnicas.
“Às vezes, a informação só foi armazenada de maneira errada. Cada contexto exige
uma técnica específica, mas alguns princípios são compartilhados”, explica.
Rezende dá algumas dicas que o levaram a representar o Brasil no Exterior em
disputas de memória. “Pelo menos 60% de toda informação nova é esquecida em 24
horas, por isso, é preciso fazer uma revisão daquilo que se quer guardar umas
duas vezes nesse período”, diz.
Outra técnica é tentar fazer associações: “Para não esquecer nomes, por
exemplo, o ideal é associá-los a alguma coisa que seja um gatilho fácil para
recordar. O gatilho é aquilo que vai te dar um ‘estalo’”, ensina. Para lembrar
de alguém com o nome Paulo, por exemplo, Alberto imagina um pau batendo na
cabeça da pessoa. Assim reúne imagem e definição em uma mesma memória.
Outra estratégia, mais voltada ao aprendizado, é criar diversos backups
diferentes da mesma informação. “Repetir em voz alta, colorir, fazer resumo,
cada um é um backup. Quando não se armazena tudo junto, fica mais fácil de
lembrar”, sugere.
Fonte iG
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