Uma análise do genoma do porco publicada nesta quarta-feira na revista Nature, a mais completa já realizada, revela que o animal convive com o homem há 10 mil anos.
Os pesquisadores compararam o genoma do porco doméstico (sus scrofa domesticus) com dez raças de javalis presentes na Europa e na Ásia; e também com o genoma do homem, rato, cachorro, cavalo e vaca.
O porco e seu primo javali compartilham muitos pontos comuns com os humanos: adaptação, colonização de território, dano ao próprio habitat; domesticação e volta à vida selvagem em condições propícias...".
Os porcos também estão muito próximos do homem do ponto de vista anatômico e fisiológico, e já são utilizados para curar os humanos em cirurgias cardíacas (válvulas coronárias) e na produção de heparina (anticoagulante), além de seu potencial para o transplante de órgãos.
Os pesquisadores identificaram no porco um certo número de mutações genéticas relacionadas a enfermidades humanas, como obesidade, diabetes, Parkison e Alzheimer.
O porco pode se tornar um "modelo útil" para o estudo das enfermidades humanas e seu tratamento, explicou um dos pesquisadores, Alan Archibald, da Universidade de Edimburgo.
Os ancestrais do porco doméstico surgiram no sudeste asiático há entre 5,3 e 3,5 milhões de anos e emigraram progressivamente em direção à Europa. A comparação entre os javalis asiáticos e europeus revela uma separação há cerca de um milhão de anos, com diferenças genéticas que podem ser consideradas como subespécies distintas.
O estudo dos genes que conferem características próprias ao porco deve permitir compreender as circunstâncias nas quais foi domesticado pelo homem. Um dos exemplos é sua capacidade para comer o que o homem rejeita, apesar de o animal ter um elevado número de genes olfativos (1.301) e excelente olfato, o que indicaria um gosto diferente.
A análise do genoma mostra que os porcos têm genes codificadores para a recepção de sabores amargos para os humanos e que os genes ligados a alguns sabores doces são diferentes para o porco e o homem.
O porco também pode comer alimentos salgados considerados repugnantes pelo homem.
"Esta publicação é resultado de uma colaboração internacional de mais de 10 anos", destacou David Milan, chefe do departamento de genética animal do Instituto Científico de Pesquisa Agronômica (INRA).
Fonte R7
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