Aumento da população, urbanização, escassez de recursos, mudanças climáticas ameaçam a saúde de bilhões de pessoas e, mesmo assim, os gestores não priorizam ações sustentáveis. Em meio a esses fatores, o NHS, do Reino Unido, desponta na frente
Depois da ECO-92, realizada no Rio de Janeiro há dez anos, a Rio+20, em junho deste ano, trouxe à tona novamente os olhares para o desenvolvimento sustentável das organizações. E, apesar da pouca repercussão no setor, o sistema de saúde está mais atrelado a essa questão do que parece.
Dez diretrizes, identificadas este ano pela KPMG, exercem efeitos importantes sobre a saúde populacional: mudanças climáticas, energia, escassez de recursos, de água, aumento da população, urbanização, opulência, segurança dos alimentos, declínio do ecossistema e desmatamento. Tais influências colocam o bem-estar de bilhões de pessoas em risco e, segundo artigo do líder global da área de Saúde da KPMG, Mark Britnell, a maioria dos sistemas de saúde do mundo todo não assumiu sua influência nos impactos negativos ao ecossistema.
Atenta a este cenário, a diretora operacional da Unidade de Desenvolvimento Sustentável doServiço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês), Sonia Roschnik, trabalha na implantação de estratégias sustentáveis em organizações de saúde do Reino Unido, composto por cerca de 1500 hospitais.
“É preciso mudar a forma como as diretorias dos hospitais tomam decisões e incluir a mensuração de possíveis impactos ambientais na execução de projetos. Ao cuidar do meio ambiente, o setor da saúde é aprimorado”, explica Sonia, de maneira calma durante almoço com a IT Mídia. “Um hospital saudável seria um hospital sustentável, isso significa promover saúde em suas atividades e pensar nas futuras gerações”.
Carbono
Dentre as ações do NHS, a redução de emissão de carbono está entre as principais, incluindo processos de gestão de energia, locomoção e transportes, água, resíduos e minimização no desperdício de alimentos.
A meta da instituição, que emite 18 milhões de CO2 por ano, é diminuir em 10% até 2015 e em 20% até 2050, sendo exemplo de sustentabilidade para o mundo. A Inglaterra é ainda mais agressiva e pretende baixar a emissão em 80% até 2050, sendo o único país a instituir uma lei para o controle do gás carbônico.
Atualmente, a Inglaterra conseguiu reduzir 16%. “Porém, isso não é suficiente porque nossos serviços estão crescendo e precisamos garantir a redução”, alerta a diretora.
Mudar a forma de conduzir a gestão é o principal agente para que os objetivos sejam atingidos, segundo Sonia, que veio apresentar os resultados do NHS a entidades brasileiras como o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Hospital Israelita Albert Einstein, Pró-Saúde e Hospital Santa Paula.
Adaptando ao Brasil
Adaptando ao Brasil
Diferente da divisão que ocorre no Brasil, entre saúde pública e suplementar, no Reino Unido prevalece um único serviço gratuito de saúde. Entretanto, para Sonia, a sustentabilidade pode aprimorar os serviços e a qualidade de vida dos pacientes tanto em instituições privadas e públicas.
Algumas orientações do NHS aos prestadores são: calcular e avaliar o consumo e emissão de carbono, de lixo hospitalar, envolver comunidades no programas de redução de energia, oferecer comidas mais saudáveis aos pacientes e colaboradores, reutilizar materiais e resíduos que possam ser reciclados, entre outras.
Sonia defende que muitas iniciativas a favor de instituições sustentáveis não despendem muito dinheiro, mas, na maioria das vezes, mudança de pensamento. Apesar da possibilidade de alcançar importantes resultados com pequenas ações, de acordo com Mark Britnell, da KPMG, é ínfima a quantidade de autoridades políticas, profissionais e gestores que enxergam a sustentabilidade como alta prioridade.
Para Britnell, a Unidade de Desenvolvimento de Sustentabilidade do NHS é excelente, mas sua influência sobre a entidade é limitada. Entretanto, o executivo acredita que o NHS tem uma excelente oportunidade de progredir e fornecer um exemplo global do que a saúde é capaz de fazer.
Em linha com a tendência de colocar a Saúde no foco e, não mais, a doença, Sonia ressalta a importância do papel do paciente diante dessa transformação. “Sabemos que, por exemplo, é mais saudável que o médico recomende ao paciente caminhadas diárias para amenizar problemas de circulação do que remédios. Se o médico recomendar, e o paciente obedecer, ele vai ficar mais saudável do que tomando algum medicamento”.
Como Sonia diminui seu impacto:
Como Sonia diminui seu impacto:
*Vou de bicicleta ao trabalho e recentemente desisti de ter um carro
*Instalei tecnologia que recupera a água da chuva em minha casa e garanti fontes renováveis para a energia elétrica
*Sou cliente de um banco que leva a sério investimentos éticos e tento diminuir minha pegada ambiental ( carbon footprint, expressão em inglês que significa reduzir o rastro) onde posso
*No entanto, como muitos de nós, ainda tenho muito o que fazer!
Fonte SaudeWeb
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