Representante da OMS, no Rio de Janeiro, vê nas desigualdades sociais grande entrave para a saúde global. Além disso, critica lideranças políticas e empresas de tabaco
O bom humor da diretora geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, durante a abertura da Conferência Mundial de Determinantes Sociais da Saúde, no Rio de Janeiro, não a eximiu de um discurso duro diante de chefes de Estado de mais de 80 países.
A tônica de sua abertura foi como as desigualdades sociais no mundo, acarretam graves conseqüências para a saúde da população. “A forma como as sociedades medem o progresso está em jogo. O progresso vai além do fato de ganhar mais e mais dinheiro”, diz Margaret.
A diretora expôs a ideia de que no início do processo de globalização achou-se que a pobreza poderia ser combatida com eficiência, no entanto, não foi o que aconteceu. “Pelo contrário, ela afundou mais os países que não chegavam a um bom nível de desenvolvimento. A globalização cria benefícios, mas não tem regras que possam assegurar a distribuição justa deles. As diferenças entre países nos níveis de renda e oportunidades, inclusive no que diz respeito ao acesso à saúde nunca estiveram tão acentuadas”, ressaltou.
Os levantes de países do Oriente Médio contra regimes antidemocráticos foram mencionados pela representante da OMS como importante fato político social, impactando também a saúde dessas regiões – uma vez que “gritam” por igualdade de direitos e de serviços.
Margaret aproveitou a oportunidade para conclamar a participação da sociedade em relação às questões políticas, econômicas e sociais do mundo. A indústria do tabaco e do álcool foi duramente criticada pela diretora. “Existe falta de vontade política nos níveis mais elevados. As empresas de tabaco vão contra políticas de saúde e acabam pressionando muitos países. A OMS está travando uma guerra contra o tabaco, inclusive conseguindo chegar em países europeus com fortes campanhas antitabagistas. Nossa população deve impedir tais forças que minam a saúde”.
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como diabetes e hipertensão, também receberam lugar de destaque durante abertura do evento. De acordo com Margaret, tais doenças reduzem o crescimento econômico. Para se ter uma ideia, em alguns países o atendimento de diabetes consome 15% do orçamento nacional destinado à saúde. Há estimativas de que daqui 20 anos, as doenças crônicas não transmissíveis vão custar mais de 30 trilhões de dólares, ou 48% do PIB global.
“As DCNT representam grandes perdas e empurram milhões de pessoas para abaixo da linha de pobreza”, ressalta.
O discurso da representante da OMS deixa claro que a saúde no mundo está longe de ser estável e segura. E o Brasil é palco de uma longa e importante discussão sobre o setor e, mais que isso, está sendo visto como oportunidade para que parcerias globais sejam seladas e soluções sejam traçadas para o futuro de nossa saúde.
Fonte SaudeWeb
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