O segredo para emagrecer é reestruturar a forma de pensar em comida |
Um dia ruim no trabalho, uma briga com o namorado, o trânsito infernal, a falta de dinheiro e até os números da balança que insistem em aumentar.
Diante desses e inúmeros outros problemas do dia a dia, instintivamente seu cérebro pode direcionar você a combater o estresse com uma coisa que a fará se sentir melhor: comida!
“Algumas pessoas reagem aos muitos desafios da vida sentindo ansiedade, agitação, medo, tristeza e confusão. É o que chamo de 'comedores emocionais’, eles usam o prazer e a distração de comer para aliviar-se e acalmar-se. A comida é usada como uma droga para combater a angústia. Comprovamos isso com tecnologia de ponta de imagens do cérebro, mostrando que o indivíduo está impulsionado a comer em excesso para satisfazer centros de prazer no seu cérebro”, diz a psicóloga e pesquisadora americana Georgia Andrianopoulos, diretora do Brain Fitness Inc, e autora do livro "Reeduque seu Cérebro, Remodele seu Corpo", que desenvolveu um programa para “malhar” o cérebro e se livrar do excesso de peso de forma definitiva.
O sistema límbico é a área do cérebro onde residem muitas das estruturas que regulam ansiedade, medo, raiva e a tristeza. “Esta área pré-frontal é ‘defeituosa’ em algumas pessoas que abusam do excesso de comida”, explica.
Em seus estudos, a especialista não detona os conceitos básicos do emagrecimento – comer menos e exercitar-se mais – , mas defende a ideia de que as dietas não funcionam por muito tempo porque só atacam os sintomas do problema de peso, não a causa. Para acabar com o eterno efeito-sanfona, ela propõe: “Reeduque seu cérebro, o único órgão do corpo que realmente administra o comportamento alimentar e seu peso”.
Em entrevista exclusiva ao Delas, Georgia Andrianopoulos explica seus conceitos sobre emagrecimento.
iG: Qual é o problema das dietas?
Georgia Andrianopoulos: Elas não são nada mais do que um "freio" (como em um carro) que usamos para desacelerar.
Pense no seu carro por um instante: se o motor estiver em alta rotação devido a uma avaria, você pode ser capaz de retardá-lo através da aplicação destes “freios” (dietas), mas não há nenhuma maneira de continuar por dias ou semanas, porque mais cedo ou mais tarde, os freios vão desgastar.
Vários estudos têm mostrado que as dietas não são eficientes na gestão de peso em longo prazo. Mais de 90% das pessoas que perdem peso com dieta recuperam tudo o que perderam em menos de cinco anos.
iG: Se as dietas atacam somente os sintomas do excesso de peso, quais seriam as causas?
Georgia Andrianopoulos: A raiz da gula e da obesidade reside em uma palavra chamada desequilíbrio. É o mau funcionamento dos mecanismos que normalmente nos mantêm em um peso normal. Estudos têm identificado vários destes mecanismos regulatórios que dão errado. Um exemplo simples: comer deve desencadear a liberação de insulina, que por sua vez, deve “desligar” o botão “comer” do seu cérebro. No entanto, em alguns indivíduos os mecanismos responsáveis pela detecção de insulina perdem sua sensibilidade e não acionam o botão “desligar” para a pessoa parar de comer.
Qualquer demanda excessiva ou traumática pode desregular uma área do cérebro fazendo com que ele passe a funcionar de maneira hiper ou hipo ativa, provocando excessos. Essa demanda pode ser representada por um longo histórico de medo, tensão ou irritação com o marido ou esposa, colegas de trabalho ou com os altos e baixos da vida. É assim que funciona: o cérebro desencadeia um comportamento que produz prazer para contrabalançar o perigo. Por que nós escolhemos comer em detrimento de outras atividades prazerosas como sexo e amor para contrabalançar a aflição? Porque comer é um ato acessível a qualquer momento, é rápido, barato e pode ser feito sozinho.
iG: Que outros motivos podem levar uma pessoa a comer sem necessariamente ter fome?
Georgia Andrianopoulos: Há muitos, mas podemos citar alguns como ver anúncios de comida, estar em lugares como enormes quantidades de comida, olhar os outros comendo, ter muitas opções de alimentos à disposição (self-services, por exemplo) e viver emoções negativas. O mais importante é ter consciência de que as pessoas se tornam viciadas no prazer que a comida traz. Não há diferença alguma na química cerebral de uma pessoa que é viciada em cocaína, álcool ou comida.
iG: A reprogramação do cérebro ajuda a pessoa a adotar hábitos de vida mais saudáveis e emagrecer?
Georgia Andrianopoulos: Nos EUA, nós, profissionais da saúde, temos essa preocupação com o combate à obesidade já desde os anos 50. O problema é que desde lá não conseguimos ajudar as pessoas a seguir hábitos de vida saudáveis. Isso porque a questão está justamente em concentrar-se na reeducação do cérebro e torná-lo mais apto, pois assim fica mais fácil fazer com que as pessoas sigam escolhas saudáveis e percam peso. Em vez de focar em dietas e alimentação, nosso objetivo é o cérebro. Nós temos que dar o que ele precisa para se tornar mais forte e diminuir o seu desejo de comer demais (na verdade, ele se equilibra de modo a combater todos os excessos em qualquer área da vida).
iG: Que outras descobertas a senhora tem feito a respeito de obesidade?
Uma preocupação que tem sido foco dos meus estudos são as evidências de que os alimentos que causam obesidade em mães também acabam desregulando os cérebros das crianças que estão por nascer. Estas crianças nascem já com uma propensão ao desejo por alimentos gordurosos e doces. Outros trabalhos apontam que há uma relação entre excesso de peso e função cognitiva ou intelecto. Quanto mais obeso o indivíduo, menor o desempenho cognitivo.
Fonte Delas
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