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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ensaios clínicos não registram risco de anticoagulante provocar trombose

O fármaco vem despertando grande interesse para
 o sistema de farmacovigilância
Segundo UFMG, testes realizados com todo o aparato laboratorial disponível deixam de focalizar reação adversa grave e comum

Ensaios clínicos que investigam a eficácia de medicamentos nem sempre avaliam de forma adequada a segurança desses produtos. Um desses casos é esmiuçado em tese de doutorado defendida pela farmacêutica Daniela Rezende Garcia Junqueira, segundo a qual estudos sobre o anticoagulante heparina não registram a tendência de o medicamento provocar um tipo de trombose, a Trombocitopenia Induzida por Heparina (TIH).
 
" Trata-se de um fármaco importante, que precisa ser usado com o conhecimento desse risco" , explica ela, que se surpreendeu ao perceber que os testes realizados com todo o aparato laboratorial disponível deixam de focalizar essa reação adversa grave e comum.
 
No principal artigo que compõe a tese, a farmacêutica registra que recuperou mais de 800 estudos relacionados ao uso de heparina em pacientes pós-cirúrgicos. " Desses, 50 eram potencialmente relevantes, mas somente dois acompanhavam os pacientes de modo adequado para o risco de TIH" , relata. Segundo o co-orientador do trabalho, professor Edson Perini, ensaios clínicos são experimentos para avaliar eficácia e segurança de medicamentos, permitindo às indústrias aprovar produtos para comercialização.
 
O problema é que a detecção de reações adversas não figura no elenco de prioridades desses ensaios. " Quem não procura não acha" , critica Perini, coordenador do Centro de Estudos do Medicamento (Cemed), no âmbito do qual foi realizada a pesquisa de Daniela Junqueira.
 
A autora da tese explica que, apesar de a heparina ter sido o principal instrumento no manejo de alterações tromboembólicas por mais de meio século, " em função de recentes circunstâncias comerciais e clínicas, que demonstram um necessário alerta referente à sua utilização" .

Suína ou bovina
Ao analisar o mercado farmacêutico brasileiro, Daniela Junqueira identificou outra falha relacionada à heparina a ausência de referências à origem do medicamento, que pode ser isolado e extraído da mucosa intestinal de suínos ou do tecido pulmonar bovino. Segundo a pesquisadora, as diferenças quanto ao perfil de segurança entre esses fármacos indica necessidade de acompanhamento do tratamento e da resposta dos pacientes.
 
A autora do estudo explica que a origem biológica é fator pouco explorado nas diretrizes de dose e posologia, embora a fonte animal do medicamento altere seu perfil de efetividade e segurança. " A heparina bovina e a suína não são fármacos equivalentes. A bovina possui maior grau de sulfatação de seus compostos, e isso determina efeitos distintos na coagulação" , assegura, ao destacar que a decisão sobre qual tipo de heparina usar pode ser influenciada por reações adversas tais como a trombose.
 
Para a orientadora do estudo, professora Maria das Graças Carvalho, do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia, ao utilizar o método de revisão sistemática, trabalhos como o de Daniela cumprem a função de " sumarizar a vasta literatura médica acerca de determinado assunto e identificar áreas carentes de pesquisa científica" .
 
A orientadora lembra que os profissionais de saúde e a própria comunidade científica dependem de pesquisas desse tipo, sobretudo diante do número crescente de publicações em todo o mundo.
 
Fonte isaude.net

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