Entenda como a certificação pode trazer mais segurança para o paciente, reduzir erros médicos, reduzir as despesas e melhorar a imagem da instituição no mercado
Em comunicado, a ONA contou que um dos hospitais privados acreditados pela organização diminuiu de 7% para menos de 1% o índice de infecção hospitalar em uma das UTIs. Na mesma instituição, a pneumonia associada a ventilação mecânica, caiu de 9% para 2% no mesmo período,
Segundo a organização, não existe estatística nacional que compare os números referentes a qualidade dos serviços de saúde, mas a estimativa é de que são feitas 4 milhões de internações anualmente nos hospitais privados e 11 milhões no SUS. Desses pacientes, 48% sofrem de complicações que poderiam ser evitadas se fossem observados os protocolos de segurança do paciente, um dos princípios orientadores dos manuais de acreditação.
Além disso, poucas pessoas sabem o significado da acreditação, mas as próprias instituições de saúde começam a perceber que além de oferecer um serviço diferenciado, com maior qualidade e segurança para seus usuários, também são beneficiadas com a melhora da reputação no mercado e com a redução de despesas decorrentes de práticas erradas, segundo a ONA.
A redução de problemas causados por erros médicos é um dos principais resultados da acreditação – um mecanismo que estimula o aprimoramento constante dos processos, com o objetivo de garantir a qualidade na assistência à saúde – pois os manuais do Sistema Brasileiro de Acreditação focam principalmente a segurança do paciente. Dessa forma, o processo de acreditação de um serviço de saúde promove um controle maior dos riscos clínicos e não clínicos, e uma maior qualidade dos serviços prestados.
O selo é uma indicação de que a instituição segue uma padronização e se preocupa com a qualidade em tudo o que faz para evitar a ocorrência de danos à saúde. Sua obtenção é uma consequência da conformidade com os padrões definidos pela metodologia da acreditação. Além disso, a renovação periódica da acreditação, geralmente em torno de dois anos, é uma garantia de que existe um controle de qualidade sobre os serviços certificados, que devem estar sempre se aprimorando para alcançar níveis cada vez mais avançados de certificação.
Embora a acreditação seja uma opção voluntária dos serviços de saúde, temos o exemplo da iniciativa do Ministério da Educação, com a criação do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários que estabeleceu a acreditação como meta para as instituições dessa natureza a partir de 2010. A preocupação se justifica: um estudo realizado há cerca de 10 anos chegou a conclusão que ocorre uma morte a cada 200 internações e isso acontece principalmente por falha humana ou por infecção hospitalar.
Segundo a assessoria da relações interinstitucionais da ONA, Maria Carolina Moreno, os erros erros ocorrem por motivos como excesso de carga de trabalho, falta de apacitação de colaboradores, quadro de funcionários não compatível com a demanda do serviço, sistematização de processo que não pressupõe acções de segurança na assistência, ausência de organização e formalização dos processos de trabalho,
As principais ocorrências apontadas em trabalhos nacionais e internacionais são relacionadas a cirurgia em parte errada do corpo, erros de medicação, erro nos resultados de exames, falhas de equipamento ou engano do tipo de sangue durante a transfusão. Para evitar que aconteçam, Maria Carolina avalia que a instituição precisa estabelecer processos de trabalho que funcionem como verdadeiras barreiras a essas ocorrências.
“Sabe-se que o ser humano comete erros, cabe ao processo estabelecer formas de reconhecê-los antes de que seja causado dano ao paciente.” Entre esses procedimentos ela cita alguns exemplos: definir sistema de checagem do local ou membro a ser submetido a procedimento cirúrgico por mais de um colaborador, em diferentes momentos que antecedem à cirurgia; perguntar o nome ao paciente antes da infusão de medicamentos; realizar a verificação de ausência de alergias por mais de um profissional; definir pela manutenção preventiva periódica de todos os equipamentos do serviço de saúde e realizar testes de qualificação sistemáticos dos equipamentos laboratoriais.
A profissional da ONA explica que a acreditação tem uma série de padrões de qualidade exigidos, o que permite a organização do serviço, a definição, otimização e controle dos processos internos, além de incentivar boas práticas e promover a definição de protocolos assistenciais, ratificando um modelo de gestão e permitindo a melhoria evidente dos resultados.
Ao citar os procedimentos, recomendações e exigências estabelecidas em cada nível da certificação, Maria Carolina esclarece que o Nível 1 consiste na existência de processos que procuram garantir a segurança do paciente. O Nível 2 – Gestão integrada, envolve o acompanhamento das barreiras de segurança definidas, dos principais processos desenhados e dos protocolos implantados. “Deve existir uma análise crítica dos controles de processo e análise de resultados, assim como de processos e de protocolos assistencias, com o estabelecimento de planos de ação e de melhorias. Neste nível a interação entre os setores deve ser evidenciada”, detalha a assessora de Relações Interinstitucionais da ONA.
O terceiro estágio obtido na acreditação é o Nível 3 – Excelência em gestão. “Isso ocorre quando a instituição já incorporou o acompanhamento e a análise crítica de processos e resultados assistenciais e os ciclos de melhoria acontecem de forma sistemática. As informações são utilizadas para as tomadas de decisão e as diversas áreas trabalham alinhadas ao planejamento estratégico da instituição,” resume. Os padrões estabelecidos para os três níveis são de complexidade crescente e correlacionados, de modo que, para se alcançar um nível de qualidade superior, os níveis anteriores devem ser totalmente atendidos.
Na busca da segurança do paciente, a iniciativa da ONA é muito importante, conforme avalia Maria Carolina. Primeiro por que considera o perfil nacional das instituições e suas especificidades regionais e de financiamento, sem comprometer a qualidade e validade da metodologia. “Por se propor a ser um processo educativo, o Sistema Brasileiro de Acreditação possui níveis a serem alcançados ao longo do processo de acreditação, sendo este um fator de estímulo para a organização de saúde na busca pela melhoria contínua. Outro fato relevante é da metodologia não ser prescritiva, ou seja, ela não define método. Cada instituição deve encontrar a melhor forma de cumprir os padrões exigidos.”
Fonte SaudeWeb
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