Crianças não desenvolveram a doença, mas terão que passar por tratamento; Secretaria da Saúde de Campinas está examinando 354 bebês que podem ter tido contato com enfermeira contaminada
CAMPINAS - Mais três bebês que nasceram na maternidade do Hospital Madre
Theodora, em Campinas (SP), foram infectados com o bacilo de Koch, mas não
desenvolveram a tuberculose, e outros dois ainda terão que fazer novos exames
para saber se têm a doença. A Secretaria de Saúde começou na semana passada a
examinar as 354 crianças que nasceram entre janeiro e junho deste ano na ala 3
da maternidade, onde podem ter tido contato com um enfermeira
contaminada.
Os resultados foram os primeiros de um grupo de 83 crianças examinadas por conta de um surto identificado na ala 3. O caso só foi descoberto em agosto, após outros três recém-nascidos terem sido internados com a doença.
Os três novos bebês foram contaminados pelo bacilo, mas não ficaram doentes. "Chamamos de infecção latente, mas eles terão que passar por tratamento", explica a coordenadora do programa de tuberculose do Departamento de Vigilância em Saúde da prefeitura de Campinas, Maria Alice Satto. Os bebês agora passarão por um tratamento de seis meses com um antibiótico e devem ser acompanhados mensalmente por um pediatra.
Nos outros dois bebês, os exames de raio-x do tórax e com reagente na pele não identificaram o bacilo, mas serão feitos exames de tomografia, por causa da suspeita de que eles podem ter se contaminado também.
É o caso do pequeno Carlos Eduardo, que nasceu em março e apresenta saúde debilitada. "Meu filho já teve tosse, febre baixa e em agosto chegaram a suspeitar que ele tivesse coqueluche", explica a mãe Iandara Rose Severino, de 28 anos. Ela e o marido estão preocupados com a doença. "A gente nunca espera que dentro de uma maternidade seu filho possa contrair uma doença grave."
Durante esta semana, serão feitos testes em mais um grupo de cerca de 80 crianças, que entre a sexta-feira e o sábado receberão os resultados dos exames. Esse é o segundo caso no mundo descrito na literatura médica de transmissão inter-hospitalar de tuberculose em recém-nascidos - o primeiro aconteceu na Itália.
"No caso da Italia, onde o surto foi grande, o registro é de que o índice foi de 9% de casos de infecção latente. Por enquanto, achamos três em um levantamento de 83 crianças. Mas só poderemos saber se houve um número elevado de bebês contaminados na fase final de tudo", explicou Satto.
Ao todo, nessa primeira fase, 354 bebês receberam cartas em suas residências com a convocação para os exames. Os testes estão sendo feitos em uma clínica particular no bairro Cambuí, em Campinas. Em uma segunda etapa, outras mil crianças que nasceram também no mesmo período, mas que não tiveram, pelos registros, contato direto com a enfermeira que transmitiu a doença, serão chamadas e avaliadas.
Doença
A tuberculose é uma doença infecciosa que tem cura. Em recém-nascidos, tanto o diagnóstico como o tratamento são mais difíceis. Transmitida pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch, é uma doença conhecida por afetar principalmente os pulmões, mas também pode atingir ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).
Transmitida pelo ar, por gotículas que saem dos pulmões quando tossimos, espirramos ou falamos, bebês não são considerados transmissores da bactéria.
Uma das características mais comuns para identificação da tuberculose em adultos é tosse com duração superior a três semanas. Em bebês, não há tosse. Sintomas como febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento, comuns nos adultos, também não aparecem. Geralmente as crianças apresentam problemas pulmonares, que são tratados e retornam, e dificuldades de ganho de peso.
Dúvidas
Para prestar esclarecimentos aos familiares, o Madre Theodora está divulgando dois telefones: o 0800-9402373 e o (19) 3756-3000.
Fonte Estadão
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