Hospital do Coração estuda nova técnica para reverter Síndrome da Angústia Respiratória Aguda
O Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração (IEP/HCor) lidera um estudo randomizado em terapia intensiva para reduzir o número de mortes por Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (Sara), uma das principais causas de óbitos de pacientes internados na UTI. O estudo está sendo realizado em 120 unidades de terapia intensiva de Brasil, Colômbia, México e Itália. Outros países, como Espanha, Chile, Argentina e Uruguai já demonstraram interesse em participar do estudo que envolverá cerca de dois mil pacientes.
A Sara é um tipo de insuficiência pulmonar provocada por diversos distúrbios que causam acúmulo de líquidos no pulmão (edema pulmonar), sendo necessária a utilização de respiradores artificiais. Sem um tratamento imediato, a privação grave de oxigênio provocada pela síndrome causa a morte em 90% dos pacientes.
— A ventilação artificial é necessária para salvar a vida do paciente, porém produz trauma nos pulmões, pois o ar entra sob pressão positiva, causando distensão dos alvéolos — explica o médico Alexandre Biasi, coordenador de atividades de pesquisa do IEP/HCor.
Segundo Otávio Berwanger, responsável pelo IEP/HCor, com a técnica que é utilizada hoje, somente 50% dos pacientes sobrevivem. Com nova técnica, o hospital não tem custo adicional, pois utiliza os mesmos aparelhos, e pode conseguir um resultado mais positivo, com potencial de reverter vários casos.
Distensão pulmonar reduzida
Atualmente, o procedimento de ventilação mecânica em pacientes com Sara segue o protocolo ARDS Net, que é seguido no mundo todo há 10 anos. O estudo está testando novas técnicas de padronização de utilização da ventilação mecânica, com o objetivo de aumentar as chances de sobrevida do paciente. A técnica ARDS Net reduz a distensão dos pulmões, o que representou uma evolução no tratamento da Sara. Sua limitação é que grande parte dos alvéolos pulmonares permanece colapsado, dificultando o recebimento de ar e prejudicando a oxigenação do sangue.
De acordo com os pesquisadores, a técnica chamada recrutamento alveolar envolve altas pressões de ar por alguns minutos, com a finalidade de abrir os alvéolos colapsados. Essa técnica que está sendo estudada é adicionada a técnica anterior, ou seja, além de evitar a distensão pulmonar obtém-se abertura dos alvéolos colapsados.
Os resultados finais serão divulgados somente em 2015. Caso sejam positivos, a técnica avaliada no estudo brasileiro se tornará padrão, reduzindo o número de óbitos nas unidades de terapia intensiva, de hospitais públicos e privados, de todo o mundo.
Realizado em parceria com o Ministério da Saúde, o estudo é financiado por recursos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS e conta com apoio da Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
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