Macarrão instantâneo com molho artificial: altas concentrações de glutamato |
O intensificador de sabor glutamato monossódico (MSG), geralmente associado à
comida chinesa e às dores de cabeça depois
do jantar, pode também estar intensificando a circunferência da cintura, de
acordo com um novo estudo.
Pesquisadores constataram que pessoas que ingerem maior quantidade de MSG
estão mais propensas ao excesso de peso e à obesidade. E o risco maior não foi
verificado simplesmente porque essas pessoas estavam se empanturrando de
alimentos ricos em MSG. A relação entre o consumo alto de MSG e a obesidade se
manteve mesmo depois de contabilizado o número total de calorias ingeridas.
Ka He, especialista em nutrição da Universidade da Carolina do Norte, autor
do estudo, diz que mesmo sendo modesto, o risco de ganho de peso atribuído ao
MSG tem implicações substanciais para a saúde pública.
“É algo que todo mundo come”, disse ele à Reuters Health.
O MSG é um dos aditivos alimentares mais usados em todo o mundo. Apesar de
muito mais popular em países asiáticos, ele também é muito consumido nos Estados
Unidos através de alimentos processados, como salgadinhos e sopas enlatadas,
mesmo quando o item não é mencionado no rótulo.
Estima-se que a ingestão diária de MSG dos americanos seja de apenas meio
grama, enquanto que o consumo médio no Japão e na Coréia pode variar de 1,5 a 10
gramas ao dia. O MSG é considerado um aditivo seguro, mas algumas pessoas se
queixam de dores de
cabeça, enjoos e outras reações adversas após a ingestão desse produto.
Diversos estudos já analisaram uma possível ligação entre o MSG e o peso
corporal, chegando a resultados conflitantes. Para alguns cientistas, as pessoas
ingerem maiores quantidades de alimentos contendo MSG simplesmente porque os
mesmos são mais saborosos. Outros sugerem o MSG provavelmente interfira na
sinalização dos sistemas reguladores do apetite do corpo humano.
Na pesquisa mais recente, publicada pelo periódico American Journal of
Clinical Nutrition, He e seus colegas acompanharam mais de 10.000 adultos na
China por aproximadamente 5,5 anos em média.
Os pesquisadores calcularam a ingestão de MSG pesando os produtos – como
garrafas de molho de soja – antes e depois de utilizados, verificando assim a
quantidade ingerida pelos participantes, que também tiveram de calcular o
consumo estimado de MSG em três períodos de 24 horas.
A pesquisa revelou que homens e mulheres com maior consumo do aditivo (média
diária de 5 gramas) apresentaram propensão 30% superior de excesso de peso
corporal até o final do estudo do que aqueles que ingeriram menos de um grama
diário do aromatizante. Depois de excluídos os participantes que já estavam
acima do peso no início do estudo, o risco subiu para 33%.
A obesidade não é um problema tão comum na China como nos Estados Unidos, o
que pode indicar que o MSG não seja um grande culpado do ganho de peso. Mas, os
chineses costumam ser fisicamente ativos, o que, na opinião de He, provavelmente
ajude a compensar os quilos extras produzidos pelo aditivo.
Ele complementa que mesmo que a ligação entre o MSG e o ganho de peso ainda
não esteja clara, pode haver alguma conexão com a leptina, hormônio regulador do
apetite e do metabolismo. A pesquisa conduzida por He revelou uma maior produção
de leptina nas pessoas que consumiam o aditivo em maior quantidade.
“O consumo de MSG possivelmente causa intolerância à leptina, fazendo com que
o organismo não consiga processar a energia recebida através dos alimentos”, ele
explica. Ele complementa que isso poderia explicar porque as pessoas que
consumem maior quantidade de MSG engordaram mais independentemente do volume
calórico ingerido.
Já o pesquisador brasileiro Ivan E. de Araújo, neurobiólogo da Universidade
de Yale que estuda os efeitos do MSG sobre a leptina, não se mostrou muito
convencido com as descobertas.
“A leptina é liberada por células de gordura, então, à medida que as pessoas
engordam, elas têm mais leptina no sangue”, Araujo explica. Os efeitos do MSG
sobre os níveis de leptina podem simplesmente ser um reflexo do aumento de massa
corporal.
Araújo considerou “bastante especulativa” a sugestão dos pesquisadores de que
a exposição prolongada a grandes quantidades de MSG provavelmente provoque uma
resistência à leptina ao danificar o hipotálamo, já que os mesmos não
apresentaram “evidências diretas” de que quantidades normais de MSG poderiam
produzir um dano físico em tal região cerebral.
Para o especialista, o fato de um ganho moderado de peso ter sido observado
somente no grupo com maior consumo de MSG é bastante intrigante. Ele ressalta
que as pessoas com consumo mais elevado de MSG também consumiram maior
quantidade de sal na dieta, o que pode
levar à retenção de líquidos e ganho de peso.
He e sua equipe pretendem realizar um estudo complementar para verificar se
as pessoas que deixam de ingerir MSG atingem benefícios à saúde atribuídos à
mudança na alimentação.
Fonte iG
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