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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Cremerj cobra solução para emergência de hospital no Rio que funciona em contêineres

Rio de Janeiro – O setor de emergência do Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte da capital fluminense, que há cerca de um ano e meio funciona em contêineres instalados próximo ao estacionamento da unidade, foi alvo na manhã de ontem (10) de uma vistoria de representantes do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). O Cremerj dará prazo de dez dias ao Ministério da Saúde para que o problema de superlotação no setor seja resolvido.
 
A presidenta do conselho, Márcia Rosa de Araújo, disse que a emergência poderá ser fechada se o problema não for resolvido. A unidade possui capacidade para 35 leitos, mas, atualmente, acomoda 54 pacientes em macas espalhadas pelo corredor. Segundo a médica, um paciente deveria permanecer na emergência por, no máximo, 24 horas, até ser encaminhado para o setor onde deve ser tratado. Ela afirmou que irá se reunir com representantes do Ministério da Saúde para encontrar solução para os problemas.
 
Maria Rosa ressaltou que, por causa do grande número de pacientes internados na emergência, os profissionais não estão conseguindo exercer o seu trabalho da maneira correta. “Os médicos estão fazendo o que podem para trabalhar em um lugar que não é amplo. Não há mais vagas para colocar outros pacientes. A situação está crítica, porque os médicos não estão mais aguentando essa forma de trabalho sobrecarregada e insalubre”, informou.
 
A médica disse que o descaso na saúde pública ocorre também em hospitais da Baixada Fluminense. Segundo Maria Rosa, os pacientes estão “órfãos” de unidades hospitalares para o tratamento de doenças como o câncer. “O que tem que ser feito é uma reorganização das redes federal, estadual e municipal. O SUS é integração, o paciente tem que ter leitos de retaguarda, tem que ter organização no sistema para botar os leitos. O paciente não pode pagar por isso e o médico também não”, argumentou.
 
A maioria dos pacientes chega ao setor, segundo a direção do hospital, acompanhada de parentes ou vem transferida de outras unidades públicas que, por falta de leitos, acabam reencaminhando esses doentes. Ainda de acordo com a direção do hospital, grande parte dos pacientes internados no setor de emergência está em estado terminal. Alguns sofrem de doenças como tuberculose ou câncer.
 
A direção da unidade informou que as obras de reforma da emergência, que atende a cerca de 300 pacientes todos os dias, estão paradas há quase dois anos. O hospital alega que a decisão de embargar as obras de reestruturação do setor partiu do Ministério da Saúde, que constatou superfaturamento na compra de alguns materiais utilizados na reforma, após vistoria da Controladoria-Geral da União (CGU). Foram disponibilizados R$ 8 milhões somente para a emergência do hospital.
 
O taxista Nilton Rodrigues da Costa, 53 anos, cujo pai está internado na emergência desde ontem, se diz humilhado com o descaso. “É você se sentir como um animal. Não tenho nem palavra. Eu acho que meu pai deveria ter um atendimento digno. Eu acho que é desumano. Agora que foram fazer um raio X dele. A notícia que eu estou tendo é essa”, disse. Procurado, o Ministério da Saúde não respondeu à reportagem da Agência Brasil até a publicação desta matéria.
 
Fonte Agência Brasil

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