Pesquisa em ratos detectou proteína que pode também permitir exame único para
várias modalidades da doença
Cientistas britânicos descobriram uma proteína presente em muitos tipos de
câncer, o que poderia, no futuro, levar a um exame único capaz de detectar
várias modalidades diferentes da doença. O sistema também poderia ser usado para
calcular doses precisas de radioterapia.
O grupo, baseado no Instituto Gray de Oncologia e Biologia da Radiação,
relatou ao Instituto Nacional de Pesquisa de Câncer da Grã-Bretanha ter
identificado câncer de mama em ratos semanas antes de um caroço inicial ser
detectado.
A mesma proteína, chamada gamma-H2AX, é encontrada em tumores de pulmão,
pele, rins e bexiga e é produzida como uma reação do organismo a DNA danificado.
De acordo com os cientistas, este é um dos primeiros indícios de que uma
célula está se tornando cancerígena.
Formação de tumores
O estudo utilizou um anticorpo que é o "parceiro perfeito" para a gamma-H2AX
e capaz de procurá-la no organismo.
O anticorpo recebeu então pequenas quantidades de material radioativo,
servindo como "termômetro" para identificar a presença de câncer no organismo.
Caso os médicos identifiquem um acúmulo de radiação num determinado ponto do
corpo, há grandes chances de que ali esteja o início da formação de um tumor.
Diagnóstico precoce
Além do benefício da criação de um exame único para várias modalidades de
câncer, a nova técnica deve auxiliar no diagnóstico precoce da doença.
A professora Katherine Vallis diz que, nos ratos usados em laboratório,
caroços só puderam ser sentidos quando as cobaias já tinham cerca de 120 dias de
idade, mas "nós detectamos mudanças antes disso, entre 90 e cem dias - antes de
um tumor ser clinicamente aparente".
Ela disse à BBC que a proteína gamma-H2AX era, em grande parte, um "fenômeno
comum" e que "seria um sonho" desenvolver um exame único para vários tipos de
câncer.
Estágio inicial
Embora a comunidade científica e os pacientes que lutam contra a doença
tendam a ver os estudos em torno da nova técnica com muita esperança, eles ainda
se encontram em um estágio bastante preliminar.
"Esta pesquisa inicial revela que rastrear essa molécula importante poderia
nos permitir detectar danos no DNA em todo o organismo. Se estudos mais
aprofundados comprovarem isso, a proteína poderia nos fornecer uma nova rota
para detectar o câncer em sua fase muito inicial, quando ainda há mais chances
de tratá-lo com sucesso", disse a cientista.
Julie Sharp, do instituto britânico Cancer Research UK, avalia o estudo como
um avanço.
"Esta pesquisa importante revela que ter como alvo esta molécula-chave
poderia nos fornecer uma rota animadora por novos caminhos para detectar o
câncer em um estágio inicial e ajudar a aplicar radioterapia e monitorar seus
efeitos sobre os tumores".
Fonte Estadão
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